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Acidentes de trabalho matam cada vez mais com construção civil a liderar

Dados da Autoridade para as Condições do Trabalho revelam uma tendência crescente do número de trabalhadores que morrem no exercício das suas funções.

Acidentes de trabalho matam cada vez mais com construção civil a liderar
Notícias ao Minuto

08:42 - 11/02/17 por Patrícia Martins Carvalho

País Dados

O início do ano está a ser negro para os trabalhadores portugueses quando o assunto se prende com acidentes mortais durante o desempenho das suas funções.

Só a título de exemplo, no dia 28 de janeiro, um trabalhador com cerca de 50 anos morreu depois de a grua, na obra na qual estava a trabalhar na freguesia de São Veríssimo, em Barcelos, ter caído.

Depois disso, no dia 4 de janeiro, duas pessoas ficaram gravemente feridas numa explosão que ocorreu numa fábrica de cimento em Patais, Leiria.

Estes não são casos isolados, razão que levou o Notícias ao Minuto a questionar a Autoridade para as Condições do Trabalho sobre o número de trabalhadores que todos os anos perdem a vida durante o exercício das suas funções.

Os dados mostram que o número de pessoas que morrem em contexto de trabalho tem vindo a aumentar. Enquanto em 2014 se registaram 135 óbitos, no ano seguinte verificaram-se mais seis mortes. A tendência crescente voltou a verificar-se no ano passado, com o número de vítimas mortais a subir para 142. Este ano já morreram oito pessoas em contexto de trabalho: sete perderam a vida nas instalações laborais e uma em viagem, transportes ou circulação.

Fazendo as contas, desde 2014 já morreram 426 pessoas em contexto laboral.

Os setores de atividade com maior número de óbitos

É a construção civil que lidera o ranking dos acidentes laborais mortais. Em 2014 morreram 41 trabalhadores da construção civil, número que subiu para 45 em 2015. No ano passado registaram-se 44 vítimas mortais e este ano já morreram três pessoas.

O segundo setor de atividade com registo de mais acidentes mortais é o das indústrias transformadoras – entre 2014 e 2016 perderam a vida 130 trabalhadores. Mas até ao dia 1 de fevereiro deste ano não havia nenhum óbito registado neste setor.

A fechar o pódio temos os setores da Agricultura, Produção Animal, Caça, Floresta e Pesca. Embora se tenha registado um aumento do número de mortes entre 2014 e 2015 (de 20 para 28), o registo de óbitos desceu de forma considerável no ano passado, com um total de 16 acidentes mortais, não havendo nenhum acidente comunicado este ano.

Quem são os trabalhadores que morrem nos acidentes laborais?

São os trabalhadores portugueses as maiores vítimas destes acidentes. Desde 2014 e até ao dia 1 de fevereiro deste ano perderam a vida 401 trabalhadores nacionais (128 em 2014, 134 em 2015, 132 em 2016 e 7 em 2017). No que diz respeito a estrangeiros, os acidentes em contexto laboral tiraram a vida a 24 trabalhadores.

Porque os setores de atividade em análise implicam uma maior mão-de-obra masculina, não é de estranhar que sejam os homens quem, por norma, perde a vida nestes acidentes: 133 contra 9 mulheres no ano passado e 7 contra 1 mulher este ano.

No que diz respeito à faixa etária é entre os 45 e os 64 anos que se têm registado mais acidentes mortais e, relativamente à situação no emprego, os acidentes vitimam, na grande maioria, funcionários com contrato de trabalho sem termo – o que está relacionado com a idade.

A este propósito, o Sindicato da Construção de Portugal já havia referido recentemente que “estão a morrer muitos trabalhadores no setor” da construção, como aliás se verifica pelos números já referidos.

O sindicato liderado por Albano Ribeiro aponta, como principais causas para a elevada taxa de mortalidade no setor, falhas técnicas, negligência, falha humana e fenómenos da natureza.

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