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Gémeas? "Provavelmente teria feito exatamente o mesmo. Teria ajudado"

Francisco Ramos, antecessor de Lacerda Sales no Governo, defendeu-o no polémico caso das gémeas luso-brasileiras que receberam tratamento no hospital de Santa Maria. "Quer se queira, quer não, o filho do Sr. Presidente da República não é uma pessoa qualquer", vincou.

Gémeas? "Provavelmente teria feito exatamente o mesmo. Teria ajudado"
Notícias ao Minuto

23:45 - 14/12/23 por Notícias ao Minuto com Lusa

País Francisco Ramos

Francisco Ramos, o antecessor de Lacerda Sales no Governo, comentou, esta quinta-feira, o alegado papel do então secretário de Estado da Saúde no polémico caso das gémeas luso-brasileiras que receberam um tratamento milionário no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, defendendo o seu sucessor.

"Quer se queira, quer não, o filho do Sr. Presidente da República não é uma pessoa qualquer", disse Francisco Ramos, na CNN Portugal, reiterando que este é "um caso muito concreto", "ainda por cima de saúde, muito sério, de crianças", e que, "posto naquele lugar", não tem "a certeza de como reagiria perante uma situação destas".

"Muito provavelmente teria feito o mesmo", concluiu, ironizando que só por "uma questão de sorte" não é ele o protagonista desta história, uma vez que abandonou o Governo em 2019.

"Se me aparecesse, na altura, o filho do Dr. Jorge Sampaio a pedir para interceder para alguém ter acesso a cuidados de saúde, o que é que teria feito? Provavelmente teria feito exatamente o mesmo. Teria ajudado, teria tentado ser prestável no sentido de garantir o acesso dessas pessoas aos cuidados de saúde", garantiu Francisco Ramos.

Argumentou, no entanto, que Lacerda Sales, a confirmar-se que marcou a consulta das gémeas no Hospital de Santa Maria, "não fez bem".

Não por isso, no entanto, o seu antecessor deixa de o defender das críticas de que tem sido alvo neste caso. "O que não me parece, o que me causa muitos engulhos, é aquilo que acontece a seguir. Ou seja, crucificar, esquartejar o Dr. Lacerda Sales na praça pública como se fosse o autor de todos os males neste mundo. Serve, neste momento, de biombo para encobrir quem se interessou pelo assunto e promoveu a reunião", disse.

Francisco Ramos admitiu ainda que, a comprovar-se o alegado papel de Lacerda Sales, tratar-se-á, efetivamente, de uma "cunha", em que o então secretário de Estado terá sofrido por falta de experiência. "É preciso ter um certo estômago, é preciso ter as costas muito blindadas… a experiência ajuda", considerou.

De lembrar que, o ex-secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, voltou esta quarta-feira a garantir que não marcou qualquer consulta no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para as gémeas luso-brasileiras.

"É curioso porque primeiro ouvi falar que teria sido eu a marcar a consulta. Já se chegou à conclusão que, como tenho dito, não marquei qualquer consulta no Serviço Nacional de Saúde. Depois ouvi falar que existiria um e-mail, não me chegou ainda nenhum e-mail", reiterou Lacerda Sales, numa declaração à rádio Antena 1, lamentando ainda as "suposições" em torno deste caso.

"É a nossa obrigação defender o Presidente da República"

No mesmo espaço, argumentou ainda que, "perante uma situação em que temos um Governo demitido, uma Assembleia da República que estará dissolvida daqui a um mês, um aparelho de Justiça que está a ser questionado… termos um Presidente da República também a ser discutido na praça pública parece-me ser o pior dos cenário que pode acontecer".

"É a minha obrigação, a nossa obrigação, de quem gosta de viver numa democracia, defender o Presidente da República", referiu ainda. Questionado sobre se tal se mantinha "mesmo que isso implique não dizer a verdade", Francisco Ramos retorquiu: "A verdade vem sempre ao de cima, é como o azeite".

O caso das duas gémeas residentes no Brasil, que entretanto adquiriram nacionalidade portuguesa e vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma para a atrofia muscular espinhal, com um custo total de quatro milhões de euros, foi divulgado pela TVI, em novembro.

Marcelo Rebelo de Sousa, que já entregou documentação à Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o assunto e confirmou que o seu filho Nuno Rebelo de Sousa o contactou sobre a necessidade de tratamento das crianças, negou ter tido qualquer intervenção no processo.

O caso está a ser investigado pela PGR e pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS). De uma auditoria realizada ao caso, segundo a presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria, Ana Paula Martins, concluiu-se que a primeira consulta para as irmãs gémeas foi pedida pela secretaria de Estado

Leia Também: Processo disciplinar a Lacerda Sales foi um "boato", esclarece bastonário

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