Saída de jovens qualificados é "um perigo para o país"
A saída de Portugal de jovens qualificados é "um perigo para o país", alerta o professor e politólogo Adriano Moreira, confessando uma "grande inquietação" face ao "empobrecimento terrível" que tal representa para a nação.
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País Adriano Moreira
"Não podemos olhar com indiferença para o facto de que fizemos um esforço enorme na investigação e no ensino e que os resultados desse esforço são a favor dos países para onde essa gente nova emigra, que é o que está a acontecer", lamenta o ex-líder do CDS, ex-ministro e ex-deputado, recordando que os países estrangeiros costumam elogiar as "excelentes qualidades" dos portugueses.
"Se aquilo que acontece, e está a acontecer no nosso país, é que aqueles que têm mais avanço científico e conhecimento emigram, em regime de globalização, fica-se mais exposto aos efeitos negativos", alerta o professor, especialista em relações internacionais.
Perante "a circunstância de estarmos a perder o avanço científico e técnico que já tínhamos conseguido e que está a traduzir-se na crise das universidades", o professor considera a situação "grave", admitindo "grande inquietação" face ao "empobrecimento terrível do país".
Criticando os "reformadores da economia" por se orientarem pelo conceito de "destruição construtiva", Adriano Moreira ironiza: "A primeira parte vai muito bem, agora a segunda é aquela que falta..."
Para o professor, a "destruição construtiva" faz sentido quando faz a comunidade avançar, como aconteceu com a invenção do caminho de ferro, exemplificou. "É uma coisa completamente diferente" ver partir "os melhores", contrapôs.
"Os que não são melhores vão-se ver no futuro nos sítios onde ainda a sua dedicação e capacidade é aproveitável, alguns em situações deploráveis (...), outros muito bem acolhidos", repara, sublinhando que "é preciso cuidar da redefinição da utilização das pessoas dispensadas pelo avanço técnico e científico", criando "um novo futuro para essa gente".
Ele próprio pai de um filho recentemente regressado de três anos em Moçambique, confessa: "Não há nenhum pai que veja partir os filhos... sem saber o que vai acontecer, ou se alguma vez os volta a ver, porque vão à aventura, saber do futuro que aqui não encontram."
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