Centros de saúde de Almada e Seixal "impõem" trabalho extra sem pagamento
Dois sindicatos de médicos e enfermeiros denunciaram hoje que o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Almada e Seixal, no distrito de Setúbal, está a "impor" trabalho extraordinário "sem o devido pagamento".
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País Sindicato
Em comunicado, o sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) e o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) afirmaram que a direção do ACES já tentava impor a medida "desde há longa data", mas conseguiu colocá-la em prática "sob pretexto da pandemia covid-19".
"No âmbito do estado de emergência temos o dever de obediência e as pessoas acataram, mas na semana passada o diretor voltou a fazer uma alteração de aumento de trabalho, diminuindo as horas disponíveis, o que levou os sindicatos a tomarem uma posição", explicou à Lusa a dirigente do SEP Zoraima Prado.
Segundo a responsável, os centros de saúde de Almada e Seixal estão a voltar à atividade assistencial normal, mas o diretor quer juntar mais três funções sem que seja considerado trabalho extraordinário: o atendimento complementar de fim de semana, o seguimento de doentes covid-19 ao domicílio e o acompanhamento nas Áreas Dedicadas.
"Ele quer fazer isto tudo retirando aquilo que já eram horas de trabalho extraordinário sem que houvesse covid, mas as pessoas estão a dizer-lhe que isso não se consegue fazer, que é impossível", frisou.
Neste sentido, Zoraima Prado justificou que os profissionais aguentaram esta situação durante o estado de emergência porque "houve uma diminuição da atividade normal" e tratava-se de "um contexto particular".
"Daqui para a frente, a direção não pode continuar a fazer alterações sem falar com os profissionais, sem atender àquilo que os sindicatos referiram desde logo na primeira alteração que o diretor fez de um dia para o outro, causando grandes constrangimentos", apontou.
Segundo a dirigente sindical, além desta denúncia, os médicos e enfermeiros também "estão a fazer chegar a sua posição individualmente".
"Daqui para a frente, honestamente, não sei o que vamos fazer, mas tem de haver um reajuste das medidas que a direção está a adotar. Obviamente que nada faremos para criar constrangimentos ao bem-estar da população, mas não podemos admitir reiterados atropelos ao que é um direito mínimo das pessoas", sublinhou.
A Lusa tentou contactar a direção do ACES Almada-Seixal e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, mas até ao momento não foi possível obter declarações.
Portugal contabiliza 1.247 mortos associados à covid-19 em 29.432 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Relativamente ao dia anterior, há mais 16 mortos (+1,3%) e mais 223 casos de infeção (+0,8%).
Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.
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