Julgamento de caso de extorsão limitado a sete de 55 acusados
O julgamento de um grupo internacional acusado por 250 extorsões, que se iniciou hoje no Porto, ficou limitado a sete dos 55 acusados, sendo separados os processos dos restantes, que não compareceram à audiência nem justificaram a ausência.
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País Porto
Dos sete arguidos que restaram, três poderão ver também os seus processos separados, caso se comprove que a sua notificação foi bem feita e que foi ignorada.
No caso dos restantes quatro arguidos, três em prisão preventiva e a mulher de um deles, que se encontra em liberdade, todos anunciaram que nada dirão ao tribunal sobre os crimes por que são acusados.
O grupo é acusado de envolvimento em extorsões, num esquema que começava por propostas para afiar facas e ferramentas e evoluía para ameaças de morte.
"O valor que se propunham extorquir dependia muito das situações. Quanto mais as pessoas se intimidavam, mais eles exageravam", disse à Lusa uma fonte ligada à investigação.
Os casos imputados a este grupo de arguidos ocorreram de 2002 a 2013 e foram reunidos num só processo-crime, sob tutela do Departamento de Investigação e Ação Penal do Porto (DIAP), a partir de 246 inquéritos anteriormente dispersos por comarcas de todo o país.
Estão acusadas 55 pessoas, três das quais estão em prisão preventiva e a maioria dos restantes em parte incerta, e com mandado de captura internacional pendente.
Os alvos do grupo eram empresas, públicas e privadas, ligadas à agroindústria, metalurgias, pichelarias, talhos, pastelarias, tipografias, consultórios de dentistas e hospitais.
Uma das situações mais gravosas, tendo em conta o valor obtido, aconteceu em novembro de 2009 na Herdade do Esporão, em Reguengos de Monsaraz, no distrito de Évora, onde conseguiram extorquir 23.541 euros a um responsável daquela firma do universo empresarial de José Roquette.
"Tens filhos e sabes como é", ameaçaram, repetidamente, o homem até conseguirem extorquir-lhe a quantia exigida.
Outro caso ocorreu no hospital de Valongo, numa altura em que a unidade ainda não estava integrada no Centro Hospitalar de São João, onde o Conselho de Administração se viu obrigado a pagar para fazer cessar ameaças de agressão "à facada" a uma responsável hospitalar.
Para este processo estão indicadas mais de quinhentas testemunhas e o Ministério Público pediu que a maioria fosse ouvida por videoconferência, "face ao número de ofendidos e testemunhas residentes fora da área do tribunal de julgamento e ainda aos fundados receios que poderão advir do depoimento na presença [na sala de audiências] de elementos da referida organização" criminosa.
Do pedido excluem-se apenas os polícias chamados a depor: vários agentes da PSP e militares da GNR, bem como pelo menos um sargento da Guarda Civil espanhola.
O julgamento continua na tarde de hoje.
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