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Maquinista: "Marca que vou carregar para a vida é tremenda"

O maquinista ferroviário Francisco Garzón Amo, acusado de 79 homicídios por negligência, disse ao promotor público não saber em que ia a pensar quando o comboio que conduzia descarrilou, a 24 de julho, na Galiza.

Maquinista: "Marca que vou carregar para a vida é tremenda"
Notícias ao Minuto

21:13 - 31/07/13 por Lusa

Mundo Compostela

O diário espanhol El País publicou na sua edição de hoje a transcrição do interrogatório judicial ocorrido no domingo quando, inquirido pelo promotor público Antonio Roma sobre aquilo em que ia a pensar na altura em que se deu o acidente que provocou, além de 79 mortos, mais de 150 feridos, o maquinista de 52 anos respondeu: “Se o soubesse… a marca que vou carregar para toda a vida é tremenda”.

“Digo-lhe sinceramente que não sei, não estou tão louco que não travasse”, acrescentou.

Ativou os travões no último momento, “o pneumático, etc., todos”, mas a tragédia “era inevitável”, explicou: “É que na curva já vi, já vi que não a ia passar, vi que não a ia passar”.

Depois de descarrilar, ligou para o serviço de emergências da Renfe, a empresa ferroviária espanhola, uma chamada em que terá reconhecido que seguia em excesso de velocidade.

“Depois de tombar, a primeira coisa que qualquer maquinista ou trabalhador faz é telefonar. Disse que havia muitíssimos mortos porque era inevitável”, relatou.

E prossegue: “À velocidade a que ia, apesar de não poder recuar no tempo, eu sei o que levava em mãos e sei que ali tinha de haver desgraça (…) É que tudo vai no sentido em que eu devia saber que naquele ponto devia pôr-me a essa velocidade [80 quilómetros por hora], nada mais”.

Ao juiz Luis Aláez, contou: “Quando foi o golpe, andaria entre os 180 e 190, não me deu tempo para nada”.

À pergunta do juiz sobre porque não reduziu a velocidade, o maquinista respondeu: “É que não há explicação, não compreendo como é que não o vi”.

O magistrado observou, então, que circulou ao longo de quatro quilómetros a uma velocidade muito superior à conveniente, e Garzón Amo comentou que, quase a 200 quilómetros por hora, quatro quilómetros “passam muito depressa” e que, ao entrar nos túneis, não se deu conta de que ia tão depressa e não reduziu a velocidade.

Indicou ainda que o sistema automático de travagem do comboio que conduzia, um Alvia, só entra em funcionamento a partir dos 200 quilómetros por hora e após avisos prévios.

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