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Só restabelecimento da segurança dos rohingya ajudará a resolver crise

Genebra, Suíça, 02 nov (Lusa) -- O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICR) advertiu hoje que só o restabelecimento da segurança da minoria muçulmana rohingya na Birmânia pode conduzir a uma solução duradoura para a grave crise.

Só restabelecimento da segurança dos rohingya ajudará a resolver crise
Notícias ao Minuto

09:45 - 02/11/17 por Lusa

Mundo Cruz Vermelha

"Apesar das necessidades que têm hoje em dia centenas de milhares de pessoas, a solução a longo prazo não consiste em depositar confiança excessiva na ajuda humanitária, mas antes em restabelecer, de forma permanente, a ordem pública", afirmou, num comunicado emitido a partir da sua sede em Genebra.

A crise dos rohingya estalou em 25 de agosto, após um ataque de um grupo rebelde daquela minoria muçulmana contra instalações policiais e militares que foi seguido de uma vasta ofensiva militar no estado de Rakhine, no oeste da Birmânia.

Desde então, mais de 600 mil rohingya chegaram ao Bangladesh em fuga da violência.

Face à pressão internacional, o Governo birmanês declarou que aceita o regresso dos rohingya, ainda que sob condições, como uma lista dos que se encontram no Bangladesh relativamente aos quais se prove que viviam antes na Birmânia.

Neste âmbito, o CICR destacou ser importante que os rohingya tenham garantida a segurança de que, se o conflito for retomado, os que não participam nele estarão protegidos.

O diretor-geral de operações do CICR, Dominik Stillhart, explicou que antes do mais recente êxodo a situação era de tal modo perigosa para os rohingya que simplesmente tinham medo de qualquer deslocamento, o que limitava o seu acesso às escolas, mercados ou serviços de saúde.

"Ainda que a ordem pública comece a restabelecer-se pouco a pouco, existe, todavia, um receio coletivo de que o futuro não seja melhor do que o presente. As pessoas não sabem para onde ir nem o que fazer, e estas incógnitas atrasam o regresso a uma vida normal", realçou.

Embora praticamente todas as organizações internacionais trabalhem a partir de fora da Birmânia para ajudar aquela minoria muçulmana, dado que o Governo birmanês não lhes autoriza a entrada, o CICR destacou que as autoridades permitiram que o movimento internacional da Cruz Vermelha opere dentro do estado de Rakhine.

"Encorajamos as autoridades a facilitar as tarefas dos trabalhadores humanitários, dado que a família da Cruz Vermelha não pode responder sozinha às enormes necessidades que existem", sublinhou o mesmo responsável.

A líder de facto da Birmânia, Aung San Suu Kyi, chegou hoje ao estado de Rakhine, no oeste do país, para uma visita surpresa àquela região.

Trata-se da primeira vez que a Nobel da Paz, que chegou ao poder na Birmânia em abril de 2016, se desloca à região desde o início da crise.

Aung San Suu Kyi tem sido muito criticada no estrangeiro devido à sua postura relativamente aos rohingya, minoria apátrida considerada das mais perseguidas do mundo pelas Nações Unidas.

Desde que a crise estalou, a ONU tem pedido, em vão, o fim dos combates, acesso à ajuda humanitária e o regresso dos refugiados aos seus locais de origem.

Antes da campanha militar, os rohingya que habitavam no estado de Rakhine eram estimados em um milhão.

A Birmânia, onde mais de 90% da população é budista, não reconhece cidadania aos rohingya, os quais sofrem crescente discriminação desde o início da violência sectária em 2012, que causou pelo menos 160 mortos e deixou aproximadamente 120 mil pessoas confinadas a 67 campos de deslocados.

Apesar de muitos viverem no país há gerações, não têm acesso ao mercado de trabalho, às escolas, aos hospitais, além de enfrentarem uma série de privações, nomeadamente de movimentos. Em paralelo, o recrudescimento do nacionalismo budista nos últimos anos levou a uma crescente hostilidade contra eles, com confrontos por vezes mortíferos.

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