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Fim da maioria conservadora é positiva, mas portugueses mantêm cautela

O fim da maioria absoluta conservadora ditada pelas eleições legislativas britânicas é considerado positivo por vários ativistas da comunidade portuguesa no Reino Unido, sobretudo devido ao impacto no 'Brexit'.

Fim da maioria conservadora é positiva, mas portugueses mantêm cautela
Notícias ao Minuto

14:40 - 09/06/17 por Lusa

Mundo Eleições Reino Unido

um resultado francamente positivo. Este parlamento não vai ter autoridade para fazer um 'Brexit' musculado. Os partidos como o 'Labour' e o SNP [nacionalistas escoceses] e os Liberais Democratas são muito preocupados com os direitos dos europeus e vai haver aqui uma priorização dos nossos direitos", afirmou o vereador em Lambeth, Guilherme Rosa.

Satisfeito pelo resultado positivo do partido Trabalhista, pelo qual foi eleito em 2014, saudou também a eventual contribuição dos lusodescendentes no voto jovem que terá contribuído para o avanço do 'Labour'.

"Os jovens criaram aqui uma míni revolução eleitoral, que é evidente em Londres", disse à agência Lusa, referindo o facto de o partido ter conquistado mais três lugares na região.

Sobre o Brexit, Rosa lembrou que nem o partido Conservador nem o partido Trabalhista põem em questão o resultado do referendo do ano passado, acreditando que o processo andará para a frente.

"Mas as condições para se desenvolver o processo de saída serão benéficas. Não vão haver posições musculadas, do tipo: 'Aceitem o que queremos ou vamos embora'".

A própria UE vai ser um bocado mais complacente com o povo britânico e os conservadores vão ser mais abertos a ideias mais consensuais", declarou o vereador português.

Quanto ao desempenho do seu partido, Guilherme Rosa descreveu o líder, Jeremy Corbyn, "um fenómeno político, que fez um milagre político ao motivar a juventude e um movimento de bases", decretando: "Se tivesse o partido totalmente unido, ainda teria tido melhor resultado".

No País de Gales, onde o partido Trabalhista também registou um resultado positivo, a conselheira das Comunidades Portuguesas Iolanda Viegas mostrou-se também satisfeita e esperançada numa hipótese, não concretizada, de o Labour formar um governo minoritário.

"Além de orgulhosos devemos nos sentir mais esperançados em relação ao Brexit, visto que os restantes partidos são a favor da Europa! Sinto-me bastante mais positiva só de pensar que tal poderá acontecer", confessou a portuguesa, que foi candidata nas eleições locais de maio pelo partido nacionalista galês Plaid Cymru.

Em Oxford, o 'corbynista' Tiago Corais, militante do partido Trabalhista desde a eleição de Jeremy Corbyn e secretário coordenador do PS no Reino Unido, também está confiante com o impacto deste resultado no Brexit.

"Irá para a frente, mas a discussão com UE será muito diferente, menos arrogante. Não haver 'hard Brexit' e talvez até fique no mercado único", presume.

Mesmo surpreendida com o resultado do partido Trabalhista e com a perda da maioria absoluta do partido Conservador, Fernanda Correia, dinamizadora da Business Women Network [Rede de Mulheres Empresárias], é cautelosa nas consequências.

"Não é ainda resultado para se celebrar porque depende do que Theresa May e partido Conservador vai decidir. O futuro continua incerto porque não há nada em concreto. Sem uma maioria, há uma oposição maior a um 'hard Brexit' e mais possibilidades de mantermos os nossos direitos", disse à agência Lusa a portuguesa, que foi candidata, sem sucesso, pelos Liberais Democratas às eleições locais em Lambeth em 2010 e 2014.

Sérgio Tavares, Conselheiro das Comunidades Portugueses residente na Escócia, qualificou esta como "uma das noites eleitorais mais surreais" a que assistiu.

"Na prática, a Escócia [pode] dar a possibilidade ao Partido Conservador de voltar a formar governo com o apoio do DUP da Irlanda do Norte!", exclamou.

Sobre os benefícios para a comunidade portuguesa, não considera que seja, no imediato, significativo e alerta para um sentimento de falsa segurança.

"É, por isso, importante afirmar com toda a clareza que a decisão de sair da União Europeia em março de 2019 se mantém inalterada. Os preparativos e os planos de contingência que têm estado a ser feitos por muitos Portugueses que residem na Escócia devem continuar a ser desenvolvidos, por forma a proteger a nossa situação o mais possível", enfatizou.

As eleições criaram uma situação de volatilidade política, aponta Tavares, aconselhando à vigilância, "não só ao início e desenrolar das negociações com Bruxelas, mas também se haverá ou não novas eleições no Reino Unido ainda este ano".

A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou hoje que irá formar um governo com o apoio do Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte para garantir uma maioria absoluta na Câmara dos Comuns e avançar com o Brexit.

Declarados 649 dos 650 lugares na Câmara dos Comuns, o partido Conservador elegeu 318, menos oito do que os necessários para uma maioria absoluta e menos 12 do que aqueles que tinha antes das eleições.

O partido Trabalhista adicionou 32 aos 229 que possuía, somando 261 deputados.

O Partido Nacionalista Escocês conquistou 35 lugares (-21), os Liberais Democratas 12 (+3), o Partido Democrático Unionista (Irlanda do Norte) 10 (+2), o Sinn Féin sete (+3), os nacionalistas galeses do Plaid Cymru quatro (+1), os Verdes um e foi eleito um independente na Irlanda do Norte.

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