Psicóloga afirma que ainda há esperança entre familiares de desaparecidos
Nos familiares dos passageiros do avião da AirAsia que caiu no mar ainda há esperança de que haja pessoas vivas, a par de sentimentos de culpa, disse hoje à Lusa uma das voluntárias que lhes presta apoio psicológico.
© Reuters
Mundo AirAsia
"Não é certo nem errado ter tal esperança. Nós podemos apoiá-los no sentido da aceitação. Mesmo que eles ainda tenham esperança, irão ter uma esperança mais realista e, depois, irão caminhar para a aceitação, podendo prosseguir com a sua vida", explicou Margaretha em declarações à agência Lusa.
A psicóloga faz parte de um grupo de cerca de 20 voluntários que têm prestado apoio psicológico nos centros de crise aos familiares das 162 pessoas que seguiam no voo QZ-8501.
Segundo a especialista, que é relações públicas da Associação de Psicologia da Indonésia, existe também um sentimento de culpa, sobretudo em casos de separação, provocados, por exemplo, por problemas não resolvidos.
A aceitação da separação provocada pelo acidente do avião da AirAsia que se despenhou no domingo por parte dos familiares dos passageiros levará meses, advertiu.
"Numa perspetiva psicológica, a adaptação à separação ou à tristeza irá levar, pelo menos, dois, três ou até seis meses. Contudo, entendemos que as pessoas têm a sua reação individual em relação ao sofrimento, logo, é possível que algumas pessoas necessitem de mais tempo ou até menos", declarou.
Esta tarde, após a chegada dos dois primeiros corpos encontrados no mar de Java ao Hospital Bhayangkara, em Surabaia, o centro de crise instalado no Aeroporto Internacional de Juanda, na mesma cidade da Java Oriental, foi transferido para junto do hospital da polícia.
Enquanto algumas pessoas irão "recuperar disto com o apoio da família e tudo ficará bem passado algum tempo", outras terão necessidades de apoio psicológico, "especialmente aquelas com um trauma ou com uma dor prévia, devido à separação", esclareceu.
Margaretha, que tal como muitos indonésios tem apenas um nome, contou que esta terça-feira foi "o clímax" para os familiares dos passageiros, devido à chegada da informação de que tinham sido encontrados corpos e destroços do avião da AirAsia desaparecido desde domingo.
Este "momento chocante" será seguido de "várias respostas emocionais, como choque, depressão ou talvez respostas estéricas, o que é natural neste contexto antinatural", explicou.
Na terça-feira à noite, a equipa de voluntários ajudou os familiares a "estabilizar as emoções" e acompanhou-os no processo de investigação, de acordo com a mesma fonte.
Segundo Margaretha, a "descrição de algumas características físicas" dos passageiros que seguiam no avião "não é muito fácil de fazer", devido ao estado emocional em que muitos dos familiares se encontram.
Outros momentos de particular dificuldade para os familiares serão a identificação dos corpos e os funerais, mas a equipa de psicólogos prepara-se para continuar a dar assistência, garantiu.
Margaretha disse ainda que alguns psicólogos têm ido a casas das pessoas que estão a necessitar de um apoio especial.
"Mesmo as pessoas que assistem a estas notícias durante dias e dias" acabam por ter algum tipo de resposta emocional, sendo, por isso, consideradas "vítimas secundárias", referiu.
O avião da AirAsia que partiu da cidade indonésia de Surabaia com destino a Singapura no domingo levava 162 pessoas a bordo e despenhou-se perto de Pangkalan Bun, na ilha indonésia de Bornéu.
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