Hong Kong: Insatisfação não vai resultar em punições
Os protestos pró-democracia em Hong Kong levantaram receios de retaliação por parte da China, mas observadores defendem que a cidade é demasiado valiosa para ser castigada ou posta de lado.
© Reuters
Mundo Observadores
Por vezes chegando às dezenas de milhares, os manifestantes tomaram as ruas de Hong Kong na semana passada, exigindo o direito de eleger o chefe do Governo local por meio de sufrágio universal.
O movimento de desobediência civil foi inicialmente 'recebido' com gás lacrimogéneo pela polícia antimotim e, mais tarde, por ataques violentos de homens não identificados.
A perturbação de larga escala criada pelos protestos gerou receios de que Pequim fosse penalizar a cidade perante estes sinais de intransigência popular.
A possibilidade de Hong Kong ser preterida para Xangai, um emergente centro financeiro estabelecido como zona de comércio livre, era vista como uma das maiores ameaças.
"Como Hong Kong está a fazer frente à China, é visto como um parceiro pouco confiável", disse Francis Lun, analista financeiro e CEO da empresa Geo Securities.
"Isto vai agravar-se ao ponto de Xangai vir, um dia, a substituir Hong Kong como capital financeira da China. Se a maré mudar, não há retrocesso possível. Pode acontecer. Pode acontecer muito rapidamente", afirmou.
No entanto, especialistas continuam a acreditar que Hong Kong não corre o risco de ser marginalizada a curto prazo por tal poder ser negativo para a China, que continua a vincar que a cidade faz parte da China.
A adoção de medidas para punir economicamente Hong Kong iria "endurecer as posições" do território, comentou, por sua vez, Julian Evans-Pritchard, economista na Capital Economics.
"Obviamente que não estão contentes com os protestos, mas continuam a usar Hong Kong como modelo para muitas das reformas [económicas] na China Continental", defende o economista.
"Não acho que queiram atrasar Hong Kong. Seria tonto adotar um 'olho por olho, dente por dente'", remata.
O mesmo defende o economista Raymond Yeung: "É demasiado simplista pensar 'Portaste-te mal e já não quero cuidar de ti'. Os líderes da China de hoje são muito pragmáticos: 'Desde que geres resultados, vamos usar-te'".
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