Mais de 200 migrantes retirados de um acampamento no centro de Paris

Mais de 200 migrantes, a maioria mulheres de origem africana com crianças pequenas, que se instalaram há uma semana em frente à câmara de Paris para exigir soluções de acolhimento, foram retirados hoje por um importante dispositivo policial.

acampamento de migrantes, câmara de Paris, França
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© Luc Auffret/Anadolu via Getty Images

Lusa
12/08/2025 13:23 ‧ há 6 horas por Lusa

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A desocupação do pátio do Hôtel de Ville, no 4.º bairro de Paris, ocorreu a partir das 07:30 locais (06:30 de Lisboa) sem violência e com a intervenção do serviço municipal de atendimento aos sem-abrigo e de organizações não-governamentais de apoio aos migrantes, como França Terra de Asilo e Utopia 56.

 

A Utopia 56, que apoiou as "cerca de 230 pessoas" durante quase uma semana, queixou-se de que a ordem de expulsão publicada na segunda-feira à noite pela Polícia de Paris, que apontava "mais de 350 pessoas, incluindo 200 mulheres e 150 crianças", não oferecia "nenhuma solução" alternativa.

De acordo com a organização, a maioria das pessoas que dormiam desde a semana passada em frente ao edifício antecipou esta evacuação, preferindo partir por conta própria.

"As pessoas sabiam que as soluções de alojamento que lhes seriam propostas não seriam satisfatórias, por isso preferiram deixar o pátio mais cedo", disse Alice Corrocher, coordenadora da Utopia 56, ao jornal francês Le Parisien.

Três autocarros aguardavam os desalojados para levá-los a centros de acolhimento temporário em Bourges, Besançon, Toulouse e Marselha (a cerca de 250 a 776 quilómetros de Paris), propostas que muitos não aceitaram para não se afastar do ambiente em que estavam nos últimos tempos e onde muitas das crianças estão matriculadas na escola.

"Em breve é o início das aulas, nós trabalhamos aqui e vamos deixar tudo para ir para o interior e recomeçar num lugar que não conhecemos?", disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) Nico, um congolês de 33 anos, pai de quatro filhos e com emprego em Paris, que se recusou a entrar no autocarro com a sua mulher, em situação regular.

Esta família procura habitação há um ano e meio, sem sucesso.

Além disso, a Utopia 56 denunciou que, na noite de sábado para domingo, dois homens na casa dos 20 anos urinaram em cima de uma das migrantes e dos seus filhos enquanto dormiam, uma ação que considerou deliberada.

O serviço de assistência aos sem-abrigo da Câmara Municipal de Paris acolheu as pessoas mais vulneráveis, nomeadamente mulheres grávidas com mais de oito meses e mulheres com crianças menores de 03 anos.

De acordo com uma primeira contagem da Utopia 56, 34 dessas mulheres foram alojadas num ginásio da capital.

A Utopia 56, que defende os direitos das pessoas em situação de exílio e migração, faz parte do coletivo Le Revers de la Médaille (O Outro Lado da Medalha), que se manifestou sobre o impacto dos Jogos Olímpicos de 2024 em Paris, que denunciaram uma "limpeza social" das autoridades na capital francesa antes do evento. 

Leia Também: De Marrocos a Ceuta. Mais de 100 migrantes nadaram até à cidade espanhola

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