Mais de 100 pessoas de nacionalidade marroquina, incluindo, pelo menos, sete crianças, lançaram-se ao mar, no sábado, decididas a ir a nado até Ceuta.
A travessia desde Marrocos ronda os 30 quilómetros e envolve enfrentar não só as correntes do estreito de Gibraltar, como também as cercas fronteiriças de Ceuta, que se impõem no mar - exatamente, para tentar dissuadir os migrantes marroquinos, atraídos pela qualidade de vida na Europa.
Sozinhos, os migrantes que vêm a nado são facilmente intercetados pelas autoridades e devolvidos a Marrocos. Por isso, quando decidem fazer-se ao mar, normalmente vêm em grupo em dias de nevoeiro ou mesmo durante a noite.
E, nas últimas semanas, as vagas têm sido crescentes. Só no passado dia 26 de julho, foram capturadas mais de 50 crianças a ir a nado de Marrocos a Ceuta.
No sábado (a tentativa mais recente até agora) dezenas de migrantes foram intercetados, incluindo as sete crianças, e rapidamente transferidos para a custódia das autoridades regionais.
Ceuta está "em colapso" devido à sobrecarga de migrantes menores
A cidade espanhola autónoma está “completamente sobrecarregada”, contou o presidente de Ceuta, Juan Jesús Rivas, em entrevista ao El País o mês passado.
“Somos um território que tem cerca de 20 quilómetros quadrados, dos 500 mil quilómetros quadrados, que fazem a Espanha, mas ficamos com 3% dos menores”, afirmou o presidente, citado pelo The Guardian.
“Quem é que não entende que isto é uma situação insustentável? A situação em Ceuta é de colapso”, acrescentou Rivas.
No final do mês passado, o porta-voz do governo de Ceuta, Alberto Gaitán, afirmou que a cidade acolhe 528 migrantes menores, quando, oficialmente, deveria acolher, no máximo, 27.
Devido à sobrecarga, o governo já implementou planos de contingência, para que os menores sejam redistribuídos para outras regiões espanholas.
“Entre 2021 e 2024, cerca de 450 menores - aos quais devemos acrescentar 80 por causa do reagrupamento familiar em diferentes partes de Espanha - foram realojadas noutras regiões autónomas,” disse Gaitán. “O que mostra que outras regiões, independentemente da cor partidária, podem ajudar a aliviar Ceuta”.
Segundo a Organização Internacional para a Migração das Nações Unidas, pelo menos, 572 pessoas morreram ou desapareceram enquanto tentavam chegar a Espanha, vindas do norte de África em 2024. Este ano, a contagem vai em 155, sendo que sete são crianças.
Grupo de 38 migrantes chegou de barco ao Algarve
Na sexta-feira passada, dia 8 de agosto, 38 migrantes de nacionalidade marroquina chegaram de barco à costa portuguesa no Algarve.
Seriam 42, inicialmente, mas quatro terão morrido na viagem de cinco dias. A distância que percorreram não é certa, mas não terá andado longe dos 700 quilómetros.
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