Guterres avisa que ataque a Rafah pode causar desastre humanitário
O secretário-geral da ONU, António Guterres, avisou hoje que a invasão terrestre de Rafah, em Gaza, por Israel poderá causar "um desastre humanitário épico", após negociações para um cessar-fogo no Cairo.
© FABRICE COFFRINI/AFP via Getty Images
Mundo Israel/Palestina
"Um ataque terrestre massivo em Rafah provocaria um desastre humanitário épico e destruiria os nossos esforços para ajudar as pessoas perante a fome iminente", defendeu Guterres numa conferência de imprensa durante a 69.ª Conferência da Sociedade Civil da ONU, em Nairobi.
"O direito internacional humanitário é intocável: os civis devem ser protegidos", sublinhou o secretário-geral, depois de as delegações do grupo islamita Hamas e de Israel terem abandonado, na quinta-feira, as negociações para um cessar-fogo na capital egípcia, sem resultados aparentes.
A nova ronda de negociações coincide com a operação militar iniciada na segunda-feira por Israel em Rafah, no extremo sul do enclave de Gaza, na qual soldados israelitas assumiram o controlo do lado palestiniano da passagem daquela cidade e onde pelo menos 35 palestinianos se juntaram ao grupo.
Questionado sobre se considera os ataques israelitas contra a população palestiniana em Gaza constituem um genocídio, Guterres respondeu que são os tribunais que devem julgá-los, mas destacou o grande número de civis mortos na Faixa desde que a resposta de Israel começou após o ataque do Hamas em 07 de outubro.
"Não preciso dizer mais do que vou dizer: o número de civis mortos em Gaza não tem precedentes. Há mais civis mortos em Gaza em poucos meses do que civis mortos após a invasão russa da Ucrânia em mais de dois anos. São mais do dobro", acrescentou o chefe das Nações Unidas.
Guterres exigiu a proteção da população civil, especialmente das pessoas mais vulneráveis, como mulheres grávidas, crianças, feridos, doentes ou pessoas com deficiências.
Embora admitindo que "cerca de 100 mil pessoas estejam a deslocar-se para norte a partir de Rafah" após o início da invasão, o secretário-geral das Nações Unidas explicou que os parceiros humanitários da ONU estão a alertar para o facto de as instalações médicas em breve se tornarem inacessíveis.
Guterres defendeu que a situação em Gaza está "no fio da navalha" e que "o destino dos palestinianos, dos israelitas e de toda a região está em jogo".
O secretário-geral da ONU também referiu as repercussões que a guerra em Gaza tem na Cisjordânia ocupada, onde há "um aumento profundamente preocupante da violência dos colonos (israelitas)".
"Espero firmemente que seja possível dar um passo em frente e chegar a um acordo que permita pelo menos o fim do derramamento de sangue e a libertação dos reféns, bem como o acesso irrestrito à ajuda humanitária", acrescentou Guterres, apelando a um fim rápido do conflito e pedindo a ambas as partes "coragem política".
[Notícia atualizada às 16h10]
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