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Ucranianos deixam Lysychansk, mas recordam quem ficou para trás

A memória da vida num bunker também persiste, num momento marcado pela incerteza quanto ao futuro.

Ucranianos deixam Lysychansk, mas recordam quem ficou para trás
Notícias ao Minuto

17:06 - 29/05/22 por Notícias ao Minuto

Mundo Ucrânia/Rússia

Apesar dos intensos ataques das forças russas em Severodonetsk e Lysychansk, alguns civis conseguiram fugir à ofensiva e alcançar Pokrovsk, a cerca de 130 quilómetros de Lugansk, e rumaram à Ucrânia ocidental. Ainda assim, a memória da vida num bunker persiste, assim como a mágoa por aqueles que ficaram para trás.

Com o filho de 18 meses nos braços, Yana Skakova contou à Sky News, entre lágrimas, que, no início da guerra, era possível sair do abrigo e cozinhar na rua, enquanto as crianças brincavam. Tudo isso mudou há cerca de uma semana, quando a ofensiva russa se intensificou em Lysychansk.

“Estávamos ali [num abrigo com cerca de 18 pessoas] e a polícia disse que deveríamos sair o mais depressa possível, que era perigoso ficar em Lysychansk”, recordou. Contudo, apesar da falta de eletricidade, água e gás ninguém queria deixar a sua cidade natal para trás. Foi pelas crianças que decidiram fugir.

Yana não conseguiu conter as lágrimas ao dizer que o marido permaneceu na região sitiada, para tomar conta da casa e dos animais.

“Yehor tem um ano e meio e, agora, ficou sem pai”, confessou. O casal tem, além do bebé, um filho de quatro anos.

Por sua vez, Oksana, de 74 anos, teve demasiado medo de revelar o seu apelido. Contou, contudo, que foi retirada de Lysychansk na sexta-feira, com a ajuda de uma equipa de voluntários estrangeiros. O seu marido de 86 anos acompanha-a na viagem.

“Vou para algum lado, não sei onde”, afirmou, chorando.

“Agora, sou uma mendiga sem felicidade. Agora, tenho de pedir caridade. Seria melhor se me tivessem matado”, atirou.

Para a contabilista com 36 anos de carreira, ter de depender dos outros é algo impensável.

“Que Deus não permita que mais alguém sofra com isto. É uma tragédia. É um horror. Quem diria que eu acabaria neste inferno?”, ponderou.

Depois de ter reconhecido que o exército ucraniano poderia ser obrigado a abandonar Severodonetsk, de modo a evitar ser encurralado, o governador militar da região de Lugansk, Serhiy Haidai, revelou, no sábado, que as tropas russas recuaram na área em redor de Severodonetsk, a segunda maior cidade da região de Lugansk, e nas cidades vizinhas de Toshkivka e Oskolonivka.

Ainda assim, Moscovo fez progressos na sua ofensiva na região do Donbass e, na sexta-feira, assumiu o controlo da cidade de Lyman, a oeste de Severodonetsk, que está agora em grande parte cercada, segundo a EFE.

A invasão russa da Ucrânia - justificada por Putin pela necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar aquele país para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mais de quatro mil civis morreram e outro quase cinco mil ficaram feridos no conflito, que entrou no seu 95.º dia, este domingo. Ainda assim, o organismo sublinhou que os números reais poderão ser muito superiores, e que só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora palco de intensos combates.

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