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Enterrados restos mortais de quase 9.200 vítimas do genocídio no Ruanda

As autoridades ruandesas procederam na quinta-feira ao enterro dos restos mortais de quase 9.200 vítimas do genocídio de 1994 no Memorial do Genocídio de Nyanza, localizado nos arredores da capital, Kigali.

Enterrados restos mortais de quase 9.200 vítimas do genocídio no Ruanda
Notícias ao Minuto

14:54 - 27/05/22 por Lusa

Mundo Ruanda

De acordo com o jornal ruandês The New Times, os restos mortais de 9.181 vítimas foram exumados em diferentes áreas dos distritos de Nyarugente e Kicukiro e transferidos para o memorial para um enterro digno após os massacres de há quase 30 anos.

A maioria dos restos mortais - cerca de 9.000 - foi descoberta em Kabuga-Gahoromani, um bairro densamente povoado nos arredores de Kigali, enquanto 181 estavam localizados no Hospital Universitário de Kigali e no setor Mageragere, no distrito de Nyarugenge.

O funeral fez parte dos eventos do 28.º aniversário do genocídio e contou com a presença do presidente da câmara de Kigali, Pudence Rubingisa, que lamentou que "as vítimas do genocídio ainda estejam a ser exumadas" e acrescentou que as autoridades estão a trabalhar para continuar esse trabalho.

"Dar um enterro decente às vítimas desempenha um importante papel na cura dos corações feridos dos sobreviventes do genocídio e abre caminho à promoção da unidade e da reconciliação", argumentou.

"Ainda estamos à procura e a reunir provas", acrescentou.

Na mesma cerimónia, o ministro da Unidade Nacional, Jean-Damascène Bizimana, pediu aos sobreviventes que continuem a dar provas de superação e afirmou que "os que escondem informações (sobre o local onde as vítimas foram enterradas) continuam a querer prejudicar os sobreviventes, num sinal de ideologia negativa e negação".

Cerca de 800.000 ruandeses, a grande maioria deles tutsis e hutus moderados, foram assassinados por extremistas hutus ao longo de quase três meses em 1994.

Valas comuns ainda estão a ser descobertas, especialmente porque prisioneiros condenados que cumpriram sentenças deram informações sobre o local onde enterravam ou abandonavam as vítimas.

As raízes do conflito entre hutus e tutsis remontam a várias gerações, embora a morte, em 06 de abril, do então Presidente do Ruanda, Juvenal Habyarimana, quando seu avião foi derrubado - no qual também viajava o Presidente de Burundi, Cyprien Ntaryamira - rapidamente desencadeou massacres liderados pela milícia hutu Interahamwe.

A Interahamwe e outros membros das forças ruandesas lançaram uma campanha de execuções que durou cem dias, muitas vezes massacrando as vítimas nas respetivas residências, em igrejas, estádios de futebol ou em barricadas.

A organização e rapidez da campanha, que incluiu a execução da então primeira-ministra, Agathe Uwilingiyimana, e dos 10 'capacetes azuis' belgas que tinham a missão de a proteger, apontam para um plano elaborado pela liderança do Governo, assumido por extremistas do poder hutu, apesar das tentativas de reconciliação após os acordos de Arusha.

Finalmente, o genocídio foi interrompido depois de a Frente Patriótica Ruandesa, liderada pelo atual Presidente do Ruanda, Paul Kagame, e formada por tutsis contrários ao governo de Habyarimana, conseguiu entrar na capital e acabar com os assassínios.

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