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Ex-presidente do Burkina Faso não comparecerá a julgamento

O ex-presidente do Burkina Faso, Blaise Compaoré, principal arguido no julgamento do assassinato em 1987 do primeiro chefe de Estado burquinense, Thomas Sankara, que se inicia na segunda-feira em Ouagadougou, não irá comparecer, anunciaram hoje os seus advogados.

Ex-presidente do Burkina Faso não comparecerá a julgamento
Notícias ao Minuto

14:37 - 07/10/21 por Lusa

Mundo Thomas Sankara

"O Presidente Blaise Compaoré não comparecerá -- assim como nós também não - no julgamento político organizado contra ele pelo tribunal militar de Ouagadougou, ou seja, perante uma entidade judicial de exceção", anunciaram os advogados franceses e burquinenses de Compaoré numa declaração.

Os advogados, Pierre-Olivier Sur e Abdoul Ouedraogo, afirmaram que o seu cliente nunca foi "convocado para qualquer interrogatório" e que "nenhum ato lhe foi notificado, exceto a sua citação final para comparecer perante a jurisdição de julgamento".

Também declararam que Blaise Compaoré goza de "imunidade enquanto antigo chefe de Estado".

Por outro lado, "ainda que o Presidente Blaise Compaoré não reconheça a justiça do Presidente Roch Kaboré [atual chefe de Estado do Burkina Faso], ele continua confiante na justiça internacional", acrescentaram.

O início do julgamento do assassinato de Thomas Sankara, o "pai da revolução" do Burkina Faso e um ícone pan-africano morto num golpe de Estado em 1987, está previsto para a próxima segunda-feira num tribunal militar em Ouagadougou.

Thomas Sankara, que também chegou ao poder através de um golpe de Estado em 1983, foi morto por um comando em 15 de outubro de 1987, aos 37 anos, juntamente com 12 dos seus companheiros, durante uma reunião na sede do Conselho Nacional da Revolução (CNR) em Ouagadougou.

Este golpe levou Blaise Compaoré, companheiro de luta de Sankara, ao poder, que manteve durante 27 anos, até ser derrubado por uma revolta popular em 2014.

A morte de Sankara, que se tornou uma figura pan-africana e foi apelidado de 'Che Africano', foi um assunto tabu durante os 27 anos de poder de Compaoré.

O caso foi novamente trazido para a ribalta depois da substituição de Compaoré por um governo de transição e, em março de 2016, foi emitido um mandado de detenção internacional contra o antigo presidente, que vive atualmente na Costa do Marfim.

O antigo chefe de Estado tem nacionalidade costa-marfinense e, como não há acordo de extradição, será julgado à revelia.

Em fevereiro de 2020, teve lugar uma primeira reconstituição do homicídio de Sankara no local do crime, na sede do CNR.

Catorze dos principais arguidos serão julgados, incluindo Blaise Compaoré, atualmente com 70 anos, e o general Gilbert Diendéré, 61 anos, um dos principais líderes do Exército burquinabê durante o golpe de 1987.

Diendéré, que mais tarde se tornou chefe da segurança privada de Compaoré, está atualmente a cumprir uma pena de 20 anos de prisão no Burkina Faso por uma tentativa de golpe de Estado em 2015.

Ambos, Diendéré e Campaoré, são acusados de "cumplicidade em assassinatos", "ocultação de cadáveres" e "ataque à segurança do Estado".

Leia Também: Pelo menos 14 soldados mortos e sete feridos em ataque no Burkina Faso

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