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Navalny perde recurso no caso da difamação de um veterano de guerra

O líder da oposição russa, Alexei Navalny, perdeu hoje um recurso contra a decisão de um tribunal de Moscovo que o acusou por difamação de um veterano da Segunda Guerra Mundial e lhe impôs uma multa de 850.000 rublos (9.500 euros).

Navalny perde recurso no caso da difamação de um veterano de guerra
Notícias ao Minuto

13:21 - 29/04/21 por Lusa

Mundo Rússia

"Deixar o veredicto sem alterações", indica o comunicado do tribunal Babushkinski, de acordo com a agência noticiosa Efe.

O líder da oposição acompanhou a partir da prisão e por vídeoconferência o julgamento do seu recurso da condenação por difamação de um veterano de guerra, anunciada em 20 de fevereiro.

"Emagreci, peso 72 quilos...", disse Navalny, que permaneceu três semanas em greve de fome para exigir ser visto por médicos da sua confiança devido ao agravamento do seu estado de saúde.

Navalny acrescentou que se alimenta diariamente de papas de aveia, mas que pode começar a ingerir legumes, segundo a recomendação dos médicos.

O político, que cumpre uma condenação de dois anos e meio de prisão por um antigo caso de alegado desfalque, declarou-se não culpado e assegurou que o caso sobre a difamação ao veterano de guerra incorre em diversas infrações.

Em fevereiro, a justiça russa condenou o opositor a uma multa de 850.000 rublos (9.500 euros), menos 100.000 que a soma solicitada pela procuradoria, por publicar em junho de 2020 um vídeo em que apelidava de "vendidos" e "traidores" os protagonistas de uma gravação que defendiam as alterações constitucionais promovidas pelo Presidente russo Vladimir Putin, e onde se incluía o veterano Ignat Artemenko, com 94 anos.

O neto do ancião processou o opositor, que se declarou não culpado e acusou os familiares de tentarem tirar proveito da situação, ao "comercializarem" a sua imagem.

Em simultâneo, um colaborador próximo de Navalny confirmou hoje a dissolução das delegações regionais da sua organização de luta contra a corrupção, ameaçada de ser declarada "extremista" e que poderá implicar pesadas penas de prisão para os seus membros.

"Dissolvemos oficialmente a rede Alexei Navalny", declarou Leonid Volkov num vídeo publicado nas redes sociais, precisando que diversas delegações regionais prosseguiriam a atividade de forma independente.

As organizações com ligações a Alexei Navalny, em particular o Fundo de luta contra a corrupção (FBK), que fundou em 2011, estão sob a ameaça de serem declaradas "extremistas", após um requerimento da procuradoria em meados de abril e que a justiça russa examina.

Esta semana, um tribunal de Moscovo tinha já proibido quase todas as atividades do FBK, incluindo a publicação na internet, organização de manifestações e participação nas eleições.

Caso sejam declaradas "extremistas", as organizações de Navalny juntam-se a uma lista de cerca de três dezenas de outras proibidas na Rússia, como o grupo 'jihadista' Estado Islâmico ou as Testemunhas de Jeová.

O FBK é conhecido por denunciar a corrupção nos círculos do poder na Rússia em documentários difundidos no YouTube.

O político da oposição, 44 anos, anunciou na sexta-feira passada o fim de uma greve de fome de 243 dias em protesto pela recusa das autoridades prisionais em permitir a visita dos seus médicos após severas dores nas costas e dormência nas pernas.

Os responsáveis do estabelecimento insistiram que estava a receber o tratamento adequado, mas Navalny negou.

Na quarta-feira, quatro peritos dos direitos humanos mandatados pela ONU indicaram que o detido estava em "grave perigo" e consideraram que devia ser enviado para o estrangeiro.

O principal opositor de Vladimir Putin foi preso em janeiro ao regressar da Alemanha, onde esteve cinco meses em recuperação após um alegado envenenamento por um agente neurotóxico, atribuído ao Kremlin, acusações que as autoridades russas rejeitaram.

A prisão de Navalny desencadeou uma vaga de protestos em toda a Rússia, na maior demonstração de desafio ao Kremlin dos últimos anos.

Após a prisão, um tribunal condenou Navalny a dois anos e meio de prisão por um caso de corrupção ocorrido em 2014 e que os seus apoiantes denunciaram como politicamente motivado, enquanto o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos considerou a sentença "arbitrária e manifestamente irracional".

Em março, o político foi transferido para uma colónia penal a leste de Moscovo, conhecida pelas suas duras condições de detenção.

Leia Também: Após greve de fome, Navalny surge debilitado em julgamento

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