Meteorologia

  • 19 MAIO 2024
Tempo
14º
MIN 13º MÁX 21º

Myanmar. Manifestações prosseguem apesar da intensificação da repressão

As forças de segurança voltaram a dispersar hoje manifestações contra o golpe militar em Myanmar (antiga Birmânia), após terem cercado centenas de contestatários no centro da cidade na noite de segunda-feira, com um aumento das detenções.

Myanmar. Manifestações prosseguem apesar da intensificação da repressão
Notícias ao Minuto

14:29 - 09/03/21 por Lusa

Mundo Myanmar

Diversas concentrações de protesto decorreram em diversas regiões do país, que foram dispersas com a utilização de gás lacrimogéneo e granadas ensurdecedoras, de acordo com os 'media' locais.

Cerca de um milhar de pessoas desceram hoje à rua em Mandalay, a segunda cidade do país, a maioria efetuando a saudação dos três dedos que se tornou num símbolo do movimento de contestação, desafiando as forças de segurança, que não se coíbem do uso de força letal para reprimir os protestos.

O desfile prolongou-se por apenas alguns minutos, antes de dispersarem para evitar confrontos com a polícia de intervenção. Um outro grupo efetuou um protesto móvel, percorrendo diversas ruas da cidade em motocicletas.

De acordo com relatos coincidentes, a junta militar está a intensificar a repressão com o encerramento de diversos meios de comunicação, a detenção de jornalistas e táticas e assédio, como o cerco durante toda a noite de manifestantes num bairro de Rangum.

Na noite de segunda-feira para hoje [horário local], centenas de manifestantes ficaram encurralados no bairro Sanchaung, no centro histórico de Rangum, após a polícia ter bloqueado todas as vias de saída.

O cerco terminou pelas 04:00 locais (21:30 de segunda-feira em Lisboa) e foram detidas cerca de 40 pessoas, uma ação repressiva que não impediu hoje o prosseguimento dos protestos para exigir ao exército o restabelecimento da democracia, o respeito pelos resultados das eleições de novembro e a libertação de todos os detidos desde o golpe de 01 de fevereiro, incluindo a líder eleita Aung San Suu Kyi.

Os militares também incrementaram a perseguição contra os 'media' independentes e os seus trabalhadores, que continuam a informar sobre os protestos e a dura repressão policial que já terá provocado pelo menos 60 mortos.

Dois jornalistas locais foram hoje presos em Rangum, juntando-se a uma ampla lista de pelo menos 34 profissionais dos 'media' detidos desde o levantamento militar, com seis acusados de violar as leis da ordem pública.

O canal MRTV, agora controlado pelos militares, anunciou na noite de segunda-feira o cancelamento das licenças para a publicação e retransmissão dos 'media' Myanmar Now, 7Day News, Democratic Voice of Burma, Mizzima e Khit Thit New, que a partir de agora apenas poderão continuar a informar sobre a situação no país com autorização oficial.

No entanto, o Mizzima, criado por jornalistas birmaneses no exílio em 1988, reafirmou o seu compromisso de "continuar a lutar contra o golpe militar e pela restauração da democracia e dos direitos humanos em Myanmar", e em prosseguir a divulgação de sua informação através dos seus portais digitais e redes sociais.

"Estamos num ponto em que continuar a fazer o nosso trabalho significa correr o risco de sermos detidos ou assassinados. Mas não deixaremos de cobrir os enormes crimes que o regime [militar] está a cometer em todo o país", disse por sua vez Swe Win, chefe de redação do Myanmar Now, um portal fundado em 2015 e cuja sede foi assaltada na segunda-feira por soldados.

Desde o golpe de Estado, os militares detiveram cerca de 1.800 pessoas, sendo que mais de 310 foram, entretanto, libertadas, de acordo com a Associação de Assistência a Presos Políticos.

Leia Também: Myanmar. UE insta Junta Militar a "parar imediatamente" com violências

Recomendados para si

;
Campo obrigatório