Bielorrússia. Lukashenko grita vitória face ao "ataque relâmpago" inimigo
O Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, assegurou hoje ter triunfado sobre o "ataque relâmpago" que visou o seu regime, referindo-se ao movimento de contestação de 2020, que considera ser o resultado de uma conspiração ocidental.
© Getty Images
Mundo Bielorrússia
Falando perante uma assembleia de 2.700 delegados, seus apoiantes vindos de todo o país, Lukashenko considerou que a Bielorrússia "sofreu um ataque dos mais cruéis do exterior".
"Mas o Blitzkrieg (ataque relâmpago) falhou e nós conservámos (o controlo do) país", garantiu durante o congresso, de dois dias, para discutir o futuro político-económico-social da ex-república soviética nos próximos cinco anos, e para o qual não foi convidado qualquer crítico do regime.
No pico do movimento de contestação de 2020, a maior vaga de protesto desde a sua chegada ao poder em 1994, o Presidente bielorrusso prometeu apresentar reformas institucionais e constitucionais nesta "assembleia popular", mas hoje pediu apenas aos delegados que "pensassem" sobre o assunto.
"Devemos estudar cuidadosamente as questões de desenvolvimento da sociedade, o papel dos cidadãos na vida política do país e refletir na possibilidade de corrigir a lei fundamental", declarou.
E se em novembro evocou uma redução das suas prerrogativas e uma possível eleição presidencial antecipada, hoje limitou-se a dizer: "um dia elegerão outro Lukashenko ou outra pessoa qualquer".
A oposição já classificou o congresso de mascarada e a líder oposicionista e rival de Lukashenko nas presidências contestadas de agosto de 2020, forçada ao exílio na Lituânia, Svetlana Tikhanovskaia,disse à agência France Presse nada esperar deste grande "culto do regime".
"Eles não são representantes do povo. Isso não tem significado para os bielorrussos", afirmou a professora de inglês de formação, de 38 anos, que conseguiu ter ao seu lado durante meses um movimento de contestação de uma amplitude inesperada na ex-república soviética.
Segundo o 'site' do governo, o tema do congresso são recomendações para o "programa de desenvolvimento socioeconómico da Bielorrússia para 2021-2025" e não a reforma institucional.
Nos últimos dias, Lukashenko não fez referências à reforma da Constituição, insistindo numa grande sondagem sobre o bem-estar da população, cujos resultados serão apresentados no congresso.
Após semanas de manifestações que o fizeram tremer, o regime de Lukashenko conseguiu amordaçar o protesto com vagas de detenções em massa, violência policial e a prisão ou exílio de todas as figuras do movimento de contestação.
O chefe da diplomacia da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, que acompanha atentamente a crise no país vizinho, considerou que o congresso é uma "tentativa de imitar um diálogo com a sociedade civil".
"A perseguição dos opositores políticos (...) mostra claramente que se trata apelas de um diálogo entre Alexander Lukashenko e os seus partidários", disse à AFP.
Os ocidentais criticaram a repressão dos protestos e sancionaram Minsk, mas o dirigente bielorrusso pode contar com o apoio sem falhas de Moscovo.
"Tudo dependerá da nossa unidade com a Rússia. Poderemos assegurar a estabilidade dos nossos países se estivermos unidos", sublinhou Lukashenko, afirmando que as tentativas ocidentais de mudar a situação na Bielorrússia eram "um trampolim para um ataque contra" Moscovo.
A polícia prometeu "eliminar qualquer ação ilegal" hoje e sexta-feira, enquanto o canal NEXTA da oposição, através do serviço de mensagens Telegram, apelou a manifestações.
Várias ruas do centro de Minsk estão hoje encerradas, oficialmente devido à neve, segundo os media locais.
Leia Também: Bielorrússia. Líder da oposição pede ajuda para regresso seguro ao país
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com