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Indústria diz que boicote ao couro do Brasil é "jogada de 'marketing'"

A associação que representa os produtores brasileiros de couro considera que a decisão de um grupo norte-americano, de suspender as compras de matéria prima, alegadamente devido aos incêndios na Amazónia, não passa de "uma jogada de 'marketing'".

Indústria diz que boicote ao couro do Brasil é "jogada de 'marketing'"
Notícias ao Minuto

15:30 - 04/09/19 por Lusa

Mundo Brasil

Embora a fabricante de calçado e acessórios em couro não tenha mencionado os fogos na Amazónia, o coordenador do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Ricardo Michaelsen, não tem dúvidas que "foi mais uma jogada de 'marketing'" motivada pelas notícias que ligam as queimadas que originaram os incêndios ao setor agropecuário brasileiro.

A VF Corporation, dona de 18 marcas, incluindo Timberland, Kipling, The North Face e Vans, anunciou na semana passada que não iria comprar mais couro brasileiro, por temer que a cadeia de produção não esteja a proteger o ambiente.

A gestora de projectos do CICB, Letícia Luft, acredita que o impacto direto para a indústria brasileira de curtumes será mínimo, uma vez que apenas 05% do couro usado pela VF Corporation tem origem no Brasil.

Os responsáveis do CICB falaram à Lusa durante a All China Leather Exhibition, a maior feira do mercado chinês do couro, que termina quinta-feira em Xangai.

Segundo estatísticas disponibilizadas pelo CICB, o Brasil exportou 80% do cabedal que produziu em 2018, num valor total de 1,4 mil milhões de dólares (1,27 mil milhões de euros).

A China foi o principal comprador de couro brasileiro, representando 25,4% do total, sendo que mais 5,2% teve como destino Hong Kong.

Letícia Luft acredita que os incêndios registados na Amazónia não causaram danos à imagem do couro brasileiro na China.

"Nós viemos preparados com tudo para responder a perguntas sobre este assunto, mas até agora" não foi colocada nenhuma, disse a gestora de projetos.

Mas José Marques, gestor comercial do Grupo Minuano, em relação aos chineses que visitaram o espaço da empresa produtora de couro na feira, referiu que "todos falam" das queimadas na Amazónia.

O português, que vive no Brasil desde 1978, teme que os receios sobre o impacto ambiental do setor agropecuário possam afetar não apenas a indústria do couro mas também muitas outras exportações brasileiras para todo o mundo.

A VF Corporation garantiu que só voltaria a usar couro brasileiro quando tiver a certeza "que os materiais usados" nos seus produtos "não contribuem para o dano ambiental" no Brasil.

Ricardo Michaelsen sublinha que todas as empresas brasileiras que exportam couro têm uma certificação ambiental, ou do grupo internacional Leather Working Group ou do Programa de Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro, lançado em 2015, pelo próprio CICB, e auditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia do Brasil.

"A nossa certificação é muito melhor, até porque assenta num tripé de sustentabilidade: económica, ambiental e social", que permite o rastreio de onde vem cada peça, garante o coordenador do CICB.

O mês de agosto deste ano foi o pior para a Amazónia desde 2010, com o número de incêndios na região a triplicar em relação a agosto do ano passado, passando de 10.421, em 2018, para 30.901 em 2019.

O Presidente da República brasileiro, Jair Bolsonaro, emitiu em 29 de agosto um decreto de proibição das queimadas pelo prazo de 60 dias, como parte da resposta do Governo à crise na Amazónia.

No entanto, segundo dados da organização não-governamental Greenpeace, que cita dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil, nas primeiras 24 horas após a assinatura do decreto, o número de focos de queimadas na região aumentou 106%.

A Amazónia, a maior floresta tropical do mundo e com a maior biodiversidade registada numa área do planeta, tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

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