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Governo feminista e europeista de Sánchez vai governar em minoria

O governo do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, que hoje tomou posse, é um executivo europeísta e com uma maioria de mulheres, e cujo desafio será governar com a escassa minoria que tem no parlamento.

Governo feminista e europeista de Sánchez vai governar em minoria
Notícias ao Minuto

11:55 - 07/06/18 por Lusa

Mundo Espanha

Formado por 11 ministras e seis ministros é o Governo mais feminino que Espanha jamais teve e o seu caráter técnico dá-lhe uma solidez que poucos acreditavam inicialmente.

Ao mesmo tempo, é o que tem um apoio parlamentar mais baixo da democracia espanhola e essa limitação foi bem patente quando o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, na apresentação da sua equipa na quarta-feira lhes agradeceu por terem "aceitado servir durante os próximos meses", terminando a atual legislatura em 2020.

O PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) tem apenas 84 deputados num total de 350 e para tomar decisões o executivo depende da margem de manobra que será permitida pelo Unidos Podemos (extrema-esquerda), os nacionalistas bascos e os separatistas catalães, entre outros partidos regionais.

Todos estes partidos (sete ao todo) uniram-se ao PSOE para aprovar a moção de censura (180 votos a favor, 160 contra e uma abstenção), mais a pensar em afastar a direita do poder do que em sancionar as políticas socialistas.

Segundo a maior parte dos analistas, a equipa de Sánchez, com um perfil mais tecnocrata do que político, agrada mais à direita do que à esquerda, e muito pouco aos independentistas catalães.

O novo executivo tem um caráter europeísta acentuado numa altura em que há vários pontos de interrogação no processo de construção europeia, como a decisão do Reino Unidos de abandonar a União Europeia e o aparecimento de Governos eurocéticos, como os da Hungria ou Itália.

O novo ministro dos Negócios Estrangeiros vai ser Josep Borrell, um socialista veterano e europeísta convicto que foi ministro do histórico Felipe Gonzalez e presidente do Parlamento Europeu.

Uma má notícia para os separatistas catalães, depois de Borrell ter sido nos últimos meses um dos mais destacados defensores da Constituição e da unidade de Espanha na sua Comunidade Autónoma, a Catalunha.

O relevo que o novo chefe do Governo quis dar às mulheres começa logo na escolha do seu braço direito, Carmen Calvo, que irá acumular com o novo Ministério da Igualdade, uma área considerada prioritária depois da "greve geral feminista" de 08 de março.

Quando apresentou a sua equipa na quarta-feira, Pedro Sánchez sublinhou que o seu executivo era um "fiel reflexo" do movimento feminista que germinou há três meses e marcou "um antes e um depois" na sociedade espanhola.

A nova ministra da Economia é Nadia Calvino, até agora diretora-geral da Comissão Europeia e responsável pelo Orçamento comunitário, em Bruxelas.

A escolha desta funcionária europeia, que será a representante de Espanha no Eurogrupo (fórum dos ministros das Finanças europeus), é vista como um sinal inequívoco de Pedro Sánchez para demonstrar o seu empenho na continuação da redução do défice orçamental espanhol.

À frente do também poderoso Ministério da Fazenda (Orçamento) está María Jesús Montero, licenciada em medicina que saneou as contas públicas da Comunidade Autónoma da Andaluzia, onde era até agora conselheira (ministra regional).

Este é mais um nome que envia uma mensagem a Bruxelas e aos mercados no sentido de que Madrid pretende cumprir o rigor económico e a ortodoxia da União Europeia e baixar o défice orçamental para 2,2 % em 2018.

Em nome da "estabilidade", Pedro Sánchez comprometeu-se a manter o orçamento do Estado para 2018 que foi aprovado pela direita no parlamento há poucos dias e que está agora a ser discutido no Senado.

Uma catalã, Meritxell Batet, foi nomeada ministra das Administrações Públicas e terá a difícil tarefa de negociar com o executivo regional da Catalunha liderado pelo independentista Quim Torra, que não esconde o seu objetivo de continuar a lutar pela autodeterminação da região.

Um dos nomes mais inesperados para fazer parte do novo executivo foi o de Pedro Duque, um astronauta que viajou duas vezes ao espaço (1998 e 2003) e que será o novo ministro da Ciência, Inovação e Universidades.

Outra surpresa foi a nomeação como Ministro do Interior (Administração Interna) do juiz basco Fernando Grande-Marlaska, que instruiu os processos contra a organização separatista armada ETA, que foi dissolvida este ano.

Este magistrado é um destacado ativista pelos direitos dos homossexuais, comunidade à qual revelou que pertencia numa altura em que isso ainda era pouco habitual.

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