A história de Angelia Jolie é uma das mais recentes e sonantes no mundo da predisposição genética. A atriz norte-americana submeteu-se recentemente a uma dupla mastectomia depois de descobrir que tinha herdado da sua mãe a mutação genética dos genes BRCA, conhecidos por aumentar em 85% o risco de cancro da mama e em 40% o risco de cancro do ovário. A predisposição de Jolie não significa que, à partida, a atriz viesse a sofrer da doença, mas a existência de tal predisposição deixava-a à mercê de fatores controláveis ou não que determinam o aparecimento da patologia, como a má alimentação e o azar.

Mas, o que é isso da predisposição genética? De acordo com o site Esmeralda Azul, a predisposição genética deve-se à "presença de alterações genéticas que condicionam polimorfismos – pequenas alterações – em proteínas, enzimas, receptores ou em algum ponto da miríade de hipóteses existentes", aumentando, assim, "a probabilidade de uma patologia se outros factores se alinharem" (fatores esses que podem ser o estilo de vida, o stress, o ambiente, etc.). Na prática, a pessoa pode ter presente no seu ADN um gene relacionado com determinada doença, mas o aparecimento da mesma não depende só disso - é a tal história do 'o meu pai tem Parkinson, posso também vir a ter a doença se não começar já a prevenção'.

Embora uma pessoa possa estar predisposta a determinada doença - à boleia dos genes herdados - a determinação genética "caracteriza-se pela presença de alterações genéticas que determinam uma alteração da saúde do indivíduo", essas mesmas alterações podem ser internas ou externas (seja à boleia de um erro no material genético de origem, de uma infeção, da má alimentação, do stress, dos maus hábitos diários (como o tabagismo, a exposição solar desprotegida) ou de qualquer outro agente potencialmente agressor do ADN).

Entre as doenças que podem ter origem nos genes estão as doenças cardiovasculares, Estas doenças têm uma forte ligação ao histórico familiar (a dita predisposição), mas o risco do seu aparecimento aumenta consideravelmente em casos de maus hábitos alimentares, mau estilo de vida e sedentarismo constante, que alteram o funcionamento dos genes.

De acordo com um estudo publicado na revista científica The New England Journal of Medicine, as pessoas que têm um estilo de vida pouco ou nada saudável têm os níveis de marcadores de doenças coronárias mais elevados, marcadores esses que andam à boleia dos marcadores inflamatórios (que aumentam consideravelmente em casos de dietas por excesso), porém, o poder de tais marcadores apenas é notório quando existe uma predisposição para doenças do coração.

Os pólipos no intestino grosso (cólon) podem também ter uma origem genética (e existe ainda uma forte ligação hereditária), assim como a doença celíaca, diz a revista Women’s Health no seu site. Sabe-se que ter um parente de primeiro grau com a doença celíaca aumenta a predisposição da outra pessoa também contrair esta doença autoimune, porém, esta ligação não é ainda certa, estando depende de fatores (os tais determinantes) ainda desconhecidos.

Também a predisposição para níveis elevados de colesterol têm um lado hereditário e genético. As pessoas que têm parentes próximos que faleceram por causas cardiovasculares podem apresentar um maior risco de ter o colesterol elevado (isto é, uma maior predisposição) e tudo por culpa da Hipercolesterolémia Familiar, uma doença genética hereditária. Contudo, e mais uma vez, esta predisposição assume o papel de doença quando não são travados outros fatores, como a má alimentação.

Embora a ciência ainda não tenha chegado a um consenso sobre tal, acredita-se que a depressão pode ter também uma herança genética, deixando a pessoa mais predisposta a quadros depressivos, que podem tornar-se reais em períodos de maior tensão e stress.