"A incapacidade respiratória é terrível porque dura 24 horas por dia"
Para assinalar o Mês do Pulmão, que se celebra durante o mês de abril, o Lifestyle ao Minuto falou com o Dr. António Carvalheira Santos, chefe de serviço de Pneumonologia do Hospital Pulido Valente.
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Lifestyle Carreira
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é a terceira causa de morte em Portugal – só ultrapassada pelas neoplasias (tumores) e pelas doenças cardiovasculares (primeira causa de morte).
Para assinalar o Mês do Pulmão, que decorre durante o mês de abril, o Lifestyle ao Minuto falou com o Dr. António Carvalheira Santos, chefe de serviço de Pneumonologia do Hospital Pulido Valente, sobre a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC).
O especialista começa por explicar que esta doença se manifesta através da obstrução das vias respiratórias, dificultando a respiração, e que tem dois componentes importantes que a integram: a bronquite crónica e o enfisema. “Alguns doentes têm mais uma ou outra, mas é a combinação destas condições que faz a DPOC”.
Esta é uma doença incapacitante que com a evolução leva à insuficiência respiratória - incapacidade de oxigenar o sangue de forma suficiente para as necessidades do dia a dia. O médico sublinha que esta é a terceira causa de morte no país, afetando entre 600 e 800 mil portugueses.
Esta doença leva à falta de ar (dispneia) para realizar tarefas cada vez menores. Gera uma incapacidade de fazer as coisas mais simples do quotidiano e muitas vezes leva à incapacidade total.A incapacidade respiratória é terrível porque é algo que dura 24 horas. A cada movimento que faz, a pessoa tem dificuldade em respirar, é muito incapacitante
Os sintomas são tosse e expetoração – que o médico sublinha que não é normal nem bom sinal, como muitos fumadores pensam -, dispneia e cansaço progressivos.
A causa mais importante do aparecimento da doença é o tabagismo, pelo que mal o diagnóstico seja feito o doente deve parar imediatamente de fumar, para não agravar a doença. A DPOC pode ainda surgir devido à queima do combustível doméstico, a lenha, por causa do fumo que é inalado; ou devido a causa congénita, défice de uma enzima chamada alfa-1 antitripsina.
O especialista indica que é essencial fazer um diagnóstico precoce, iniciar tratamento (através de broncodilatores e, se necessário, oxigenoterapia) e contrariar “aquilo que as pessoas geralmente se sentem obrigadas a fazer que é parar de praticar exercício físico”.
"Como o sintoma dominante é a falta de ar, os doentes abstêm-se de fazer exercício e com esta abstenção os músculos perdem força, ficam mais cansados e isto gera um círculo vicioso de que não se consegue sair", explica o especialista.
E, frisa ainda: “O exercício físico controlado deve fazer parte integrante do tratamento do doente com DPOC e dos outros doentes com doença respiratória crónica sintomática como outra medida terapêutica qualquer.”
O Dr. António Carvalheira Santos elucida que é fundamental fazer-se a “reabilitação respiratória para que estes doentes possam ter uma vida ativa e perspetivas de melhoria da qualidade de vida.”
A reabilitação respiratória tem de ser feita numa clínica especializada e deve ser orientada por especialistas e fisioterapeutas. Depois, as pessoas devem ter planos de continuidade para poderem continuar a fazer no domicílio aquilo que aprenderam.
Segundo esclarece o chefe de serviço de Pneumonologia do Hospital Pulido Valente, um programa de reabilitação respiratória deve ter três componentes importantes: controlo clínico, ensino do doente – atitudes que levem a que o doente conheça melhor a sua doença e a consiga gerir –, e os exercícios físicos e respiratórios.Portugal neste campo tem muito que caminhar. Em Portugal só cerca de 1% das pessoas com indicação para reabilitação respiratória têm acesso a essa reabilitação
O médico faz sobressair que “o tabagismo é uma causa enorme de mortalidade”, mas que a sociedade pode ajudar a travar. Como? “Fazendo três coisas: alertar para os perigos do fumo do tabaco; promover ações de cessação tabágica para aqueles que já fumam; e fazer o diagnóstico o mais precoce possível para que o tratamento avance também o mais rapidamente possível e a doença não evolua para situações de extrema incapacidade.”
O especialista refere que quando se consegue suster a doença e manter o nível de incapacidade respiratória, o doente pode viver mesmo muito anos, exemplificando até que tem pacientes seus que fazem oxigenoterapia há mais de 20 anos.
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