Era "mau sinal" se Portugal falhasse meta do défice
O presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade afirmou hoje que Portugal já registou "alguns retrocessos" nos progressos alcançados durante o resgate financeiro e alertou que "seria um mau sinal" falhar o objetivo do défice de 2,7% este ano.
© Reuters
Economia Klaus Regling
"Já vimos alguns retrocessos. O relatório pós-programa [relativo à primeira missão de monitorização] da Comissão [Europeia] refere a reversão de algumas das medidas que contribuíram para a consolidação orçamental nos anos recentes. O objetivo do défice de 2,7% pode falhar este ano, deixando Portugal no Procedimento de Défices Excessivos e isto seria um mau sinal", disse Klaus Regling numa conferência organizada pelo Diário Económico hoje em Lisboa.
Nas previsões económicas de outono divulgadas no início de novembro, a Comissão Europeia previu que Portugal termine 2015 com um défice de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB), acima dos 2,7% inscritos pelo Governo no orçamento, o que, a concretizar-se, manterá o país sujeito ao Procedimento de Défices Excessivos.
O presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) afirmou que "para muitos portugueses os últimos anos foram muito dolorosos", uma vez que "os salários e as pensões foram cortados, a despesa pública foi reduzida e muitos perderam os seus trabalhos".
Sublinhando que se tratou de "um período traumático para Portugal" e que "muitos ainda sentem isso hoje", Klaus Regling defendeu que, "infelizmente, tendo em conta o nível de desequilíbrios acumulados em Portugal durante a década anterior, era preciso um ajustamento sério".
Para o presidente do MEE, "a parte mais difícil do ajustamento [português,] com cortes significativos nos salários, nas pensões e na despesa pública, já passou" e "o que importa agora é garantir que as reformas estruturais e a consolidação das finanças públicas estão a avançar o suficiente para manter os progressos" alcançados.
De acordo com o responsável, "se Portugal não tivesse contado com os seus parceiros, o ajustamento teria sido muito mais brutal porque teria acontecido da noite para o dia".
Referindo-se à redução de despesa realizada em 2013 e destacando que Portugal terá "poupanças orçamentais por muitos anos", o presidente do Mecanismo defendeu que estes benefícios resultam das condições favoráveis do empréstimo concedido ao país.
"Estruturalmente, o benefício deste ajustamento resulta das reformas implementadas como condição para o empréstimo: uma estratégia de consolidação orçamental credível para levar o rácio da dívida para uma trajetória descendente no médio prazo, reformas estruturais em todos os setores da economia para aumentar o crescimento potencial, criar empregos e aumentar a competitividade", resumiu, concluindo que esta estratégia "permitiu uma correção rápida dos desequilíbrios".
No entanto, o presidente do MEE citou as recomendações da Comissão Europeia feitas a Portugal para afirmar que o país "deve tomar medidas adicionais, por exemplo, para completar a reestruturação das empresas detidas pelo Estado, tomar mais medidas para combater o elevado desemprego jovem e continuar com a sua consolidação orçamental".
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