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"Filhos dos bairros" do PER mostram impacto positivo do programa

Os "filhos dos bairros" do Programa Especial de Realojamento têm mais formação, autonomizaram-se das famílias e integraram o mercado de trabalho e, embora continue a existir trabalho por fazer, o caminho até agora seguido é positivo, considera a Gebalis.

"Filhos dos bairros" do PER mostram impacto positivo do programa
Notícias ao Minuto

10:15 - 14/07/23 por Lusa

Economia Gebalis

"O PER [Programa Especial de Realojamento] de facto funcionou como uma alavanca fundamental para o elevador social. Nesse aspeto, o PER teve um impacto profundamente positivo e deve ser enaltecido", afirma Gonçalo Sampaio, administrador executivo da Gebalis, empresa responsável pela gestão patrimonial e financeira de 66 bairros municipais de Lisboa.

Em declarações à Lusa a propósito do estudo "Os filhos dos bairros municipais", elaborado pelo Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa e que é apresentado hoje, Gonçalo Sampaio explica que o enquadramento do trabalho teve que ver com a comemoração dos 30 anos do PER, criado por decreto-lei em maio de 1993 e que tinha como objetivo primordial acabar com as denominadas "barracas".

"No fundo, passados 30 anos, perceber se o programa cumpriu os objetivos que tinha. Apesar de ser um programa vocacionado para dar habitação digna a quem não a tinha na altura, nomeadamente na Área Metropolitana de Lisboa, pretendia também e ligava muito à questão do combate à pobreza. E via na habitação uma ferramenta para promover o elevador social daquelas famílias", lembra.

Notando que em Portugal as políticas públicas não são muitas vezes avaliadas depois de aplicadas, o administrador executivo da Gebalis considera que no caso do PER pode-se dar "uma nota positiva" pelo "impacto extraordinário" que teve.

"Carinhosamente, tratávamos o projeto como 'projeto os filhos dos bairros'. No fundo, era esse o objetivo, era ver onde estavam os filhos dos bairros realojados. Podemos chegar à conclusão que estes filhos dos bairros têm mais estudos, têm mais formação. Na sua grande maioria, conseguiram autonomizar-se das famílias e integrarem-se no mercado de trabalho", conta, salientando que "a população em termos de ensino superior triplicou para aquela que existia quando o PER foi lançado", o que representa "um dado extraordinário que demonstra que há mais educação".

Gonçalo Sampaio reconhece, contudo, que "o estudo também apresenta sinais de que há trabalho para fazer, que não está tudo feito", embora insista em que "o caminho que foi seguido até agora é um caminho positivo e de integração".

"Na Gebalis olhamos para este estudo como um instrumento de trabalho futuro. Ou seja, com base neste estudo vamos agora perceber por onde é que devemos afinar a nossa intervenção e onde nos devemos colocar, nomeadamente a nível da intervenção comunitária e de proximidade com estas comunidades, orientar a nossa atuação futura", afirma, lembrando que a empresa não tem apenas a responsabilidade de manutenção do edificado, mas também tem como missão promover a inclusão, desenvolvimento e integração das comunidades dos bairros municipais.

Por isso, defende, o foco agora tem de ser naqueles que "ainda não estão satisfeitos, que ainda não se sentem incluídos".

Dos dados fornecidos pelo estudo, o responsável destaca que 70% dos mil inquiridos que vivem em bairros municipais referiram ter "gosto no bairro em que vivem", demonstrando "um sentimento de bairrismo no sentido positivo".

"Temos que potenciar essa capacidade", sustenta, assegurando que outro problema que irá merecer a atenção e investimento da Gebalis será a insatisfação demonstrada por mais de 30% dos inquiridos com o edificado.

Além destes dados diretamente relacionados com os moradores dos bairros municipais, Gonçalo Sampaio realça o facto de o estudo permitir avaliar como é que a população que vive em Lisboa olha para essas áreas, sendo que a maioria dos mais de 850 residentes na capital inquiridos não soube identificar nenhum bairro municipal que conheça e, mesmo identificando, referiu apenas zonas da cidade.

"Isso é um bom sinal, quer dizer que eles estão integrados não só do ponto de vista da arquitetura, mas da comunidade. Mas, também o facto de haver uma boa imagem da população sobre os bairros municipais e sobre as suas comunidades", considera o administrador executivo, recordando que existem 66 bairros municipais em Lisboa, cerca de 22 mil habitações e mais de 60 mil pessoas.

Ou seja, argumenta o responsável, não se trata "propriamente de uma realidade insignificante do ponto de vista quantitativo" - representa quase 10% da população de Lisboa -, "mas que está na sua grande maioria bem integrada e bem espalhada pela cidade".

Relativamente às soluções seguidas há 30 anos pelo PER e a realidade atual, Gonçalo Sampaio considera que na década de 1990 a construção foi muito condicionada pela urgência de uma resposta para o fim das barracas e pela quantidade de fogos necessários.

"Hoje em dia, a opção é mais por uma construção mais dispersa e facilitando ainda mais essa questão da integração", relata, admitindo, contudo, que continua a existir um conjunto de desafios em Lisboa que "compete à empresa e à Câmara Municipal enfrentar e dar resposta".

Leia Também: AM de Lisboa aprova 100 ME para Gebalis reabilitar bairros municipais

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