O ministro das Infraestruturas, João Galamba, garantiu esta sexta-feira que o bónus que a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, pode receber caso cumpra o Plano de Reestruturação da companhia aérea até 2025, apenas será pago se "uma parte significativa do dinheiro injetado" na empresa for "recuperado".

A propósito do tema, e em declarações aos jornalistas em Castelo Branco, o atual ministro que tutela a pasta da TAP recordou que, na sequência do "processo de recrutamento internacional" que resultou na contratação de Christine Ourmières-Widener para o lugar que agora ocupa, a Comissão de Vencimentos, que é a quem "cabe" tal responsabilidade,  decidiu fixar apenas a "remuneração bruta" que a atual CEO da companhia aérea ia auferir. 

João Galamba elucidou, ainda, que essa mesma comissão, por essa altura, "não decidiu fixar o bónus [atribuído à CEO] porque o mesmo está imediatamente ligado à concretização e sucesso do Plano de Reestruturação da TAP" - que, acrescentou, na altura "ainda não estava aprovado".

Ou seja, garantiu o ministro das Infraestruturas, tal montante, que pode chegar até aos três milhões de euros, será "pago apenas no final do processo de reestruturação, e apenas se este for bem-sucedido". Ou seja, em causa está um pagamento que, ocorrendo, será somente "em 2025 ou 2026".

João Galamba deixou ainda uma adenda àquelas que são as exigências para que Christine Ourmières-Widener venha, efetivamente, a receber tal valor. Para tal, é preciso que "uma parte significativa do dinheiro injetado na TAP" seja "recuperado", frisou, sem adiantar que percentagem deve ser recuperada como condição para a atribuição do bónus.

Considerando que não é seu papel pronunciar-se sobre "se o bónus é ou não exagerado", o governante destacou: "foi o acordado". E concluiu, nesse sentido: "O Estado é pessoa de bem, o Estado cumpre com o que foi acordado e é isso que, obviamente, iremos fazer".

Ainda sobre a atual gestão da companhia aérea, o responsável máximo pela pasta das Infraestruturas ressalvou ainda que, de momento, "o Governo e a administração da TAP estão empenhados em que o Plano de Reestruturação corra bem".

E, sobre isso, destacou: "As notícias que temos é de que está a correr bem, antecipámos resultados que estavam previstos para 2025 e que vão acontecer, muito provavelmente, já em 2023. Isso são boas notícias para a TAP e para todos os portugueses, e dão boas expetativas de que, em 2025/2026, tudo seja concluído da melhor maneira - e apenas nesse caso é que o bónus será pago".

Apesar de todas estas expetativas positivas, João Galamba destacou que vai agora começar uma "fase muito complicada", que passa pela "negociação da abertura de capital da TAP". "Temos excelentes perspetivas de que possa correr muito bem", explicou o ministro - que pediu, por isso, a "todos os responsáveis políticos" para que "entendam a importância de que este processo de reestruturação corra com normalidade".

"O apelo que fazemos é de enorme responsabilidade para todos os envolvidos. É um assunto demasiado importante para que seja apenas uma arma de arremesso político", concluiu ainda o ministro das Infraestruturas, que deixou, assim, uma leve crítica a todo o questionamento que tem sido feito acerca das mais recentes polémicas a envolver a companhia aérea.

"Este é um projeto nacional e importa que corra bem. O Governo está, seguramente, empenhado em que ele corra bem, e sabemos que o Conselho de Administração da TAP também está", assegurou ainda, em jeito de conclusão, o governante.

Estas declarações surgem depois de, na quinta-feira, o Jornal Económico ter reportado que, afinal, o bónus que a presidente executiva da TAP pode receber caso cumpra o Plano de Reestruturação da companhia aérea até 2025 pode chegar aos três milhões de euros. Ou seja, um milhão de euros a mais do que os dois milhões de euros que tinham vindo a ser noticiados anteriormente. 

A notícia do pagamento de um bónus milionário à CEO da TAP foi, inicialmente, avançada pelo Correio da Manhã, que referiu que o prémio de dois milhões de euros aumentava "em 80% o salário bruto real” da mesma.

[Notícia atualizada às 18h06]

Leia Também: Aprovada comissão de inquérito à "tutela política da gestão" da TAP