Consultora prevê petróleo em Angola acima dos 1,5 milhões em 2020
A consultora holandesa EnergyWise considera que até ao princípio de 2020 a produção de petróleo em Angola vai ultrapassar novamente os 1,5 milhões de barris por dia devido às reformas do Governo neste setor.
© EPA
Economia EnergyWise
"Talvez não em 2019 mas nos próximos 18 meses a produção vai voltar a ultrapassar os 1,5 milhões de barris por dia", disse o presidente da consultora EnergyWise, Gerard Kreeft, numa nota enviada aos investidores, e a que a Lusa teve acesso.
A previsão da consultora surge numa altura em que a produção de petróleo em Angola, a maior fonte de receita para o Estado, está nos 1,4 milhões de barris por dia, muito abaixo da expectativa do Governo nos últimos anos, que era chegar aos 2 mil milhões por dia e ultrapassar a Nigéria na liderança da produção de crude na África subsariana, e que foi entretanto revista em baixa para 1,5 milhões diários até 2020.
"No ciclo de preços baixos do petróleo [desde o verão de 2014] nenhum novo projeto foi implementado", explica o presidente da consultora holandesa, acrescentando que "por baixo do radar têm sido feito avanços muito significativos na indústria", a começar por um encontro entre o Presidente João Lourenço e os líderes da indústria petrolífera a operar em Angola, pouco depois da tomada de posse.
"As principais companhias, em especial a BP, Chevron e ExxonMobil, insistiram na criação de uma nova agência concessionária da exploração, e a decisão de retirar a Sonangol da concessão de exploração petrolífera foi tomada nessa altura, mas a decisão só recentemente foi anunciada", escreveu Gerard Kreeft.
O anúncio da criação da Agência Nacional de Petróleos e Gás "deverá aumentar a produção de petróleo, já que era uma das principais reivindicações das principais petrolíferas internacionais a operar no país", acrescentou o consultor.
O aumento da produção de petróleo está relacionado com a mudança política do ano passado no país, já que "a eleição de João Lourenço trouxe uma onda de otimismo e a 'promessa' de mais transparência e de uma nova sociedade civil deu-lhe a legitimidade para lançar a sua Presidência".
Isto, continua o consultor, está ligado ao 'novo normal' da indústria petrolífera, que passa pela redução dos custos e pela maximização da produção, num cenário mais competitivo.
"Há um reconhecimento de que há uma competição global pelos projetos e, por isso, para garantir a exploração na costa e em terra as condições financeiras têm de ser atrativas", argumenta a EnergyWise.
O otimismo expresso pela consultora relativamente ao setor petrolífero é mais refreado no que diz respeito às perspetivas para a capacidade de refinação, encaradas como "menos certas".
"Esperemos que o país possa avançar e começar a implementar uma estratégia industrial que possa estimular vários setores, incluindo o importante setor agrícola".
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