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'Fogo e Fúria': Uma obra fraturante com receção "fantástica" em Portugal

Polémico livro sobre o primeiro ano da presidência de Donald Trump chegou às livrarias portuguesas a 23 de fevereiro através da Atual Editora.

Notícias ao Minuto

19:17 - 01/03/18 por Anabela de Sousa Dantas

Cultura Livros

"O seu amigo de longa data Roger Ailes, antigo presidente da Fox News, costumava dizer que quem quiser uma carreira na televisão, deve primeiro concorrer para presidente. Agora Trump, encorajado por Ailes, estava a espalhar rumores sobre um canal de televisão seu. Era um grande futuro. Ele sairia desta campanha eleitoral, assegurou Trump a Ailes, com uma marca muito mais poderosa e oportunidades inéditas. ‘Isto é maior do que eu alguma vez sonhei’, disse Trump a Ailes, uma semana antes da eleição. ‘Não penso em perder, porque não é perder. Nós ganhamos'".

O excerto acima é apenas um dos trechos mais polémicos do polarizante livro sobre o primeiro ano de presidência de Donald Trump. ‘Fogo e Fúria’, escrito pelo colunista e jornalista Michael Wolff, chegou às bancas nos Estados Unidos em janeiro e conquistou de imediato o topo de vendas. A primeira edição tinha apenas 150 mil exemplares que voaram das prateleiras a tal velocidade que obrigou a editora, NPD BookScan, a imprimir rapidamente mais um milhão de exemplares. Foi, até, “o livro mais pirateado da história recente”, escreveu a imprensa.

O livro é uma descrição dos meandros da administração Trump, em primeira mão, de Michael Wolff, que durante ano e meio teve oportunidade de “uma mosca na parede” dentro da Casa Branca, como o próprio descreveu. Fez mais de 200 entrevistas, incluindo com o presidente e com responsáveis de topo, e deixa a descrição das mesmas - algumas explosivas - sem lhes alterar o conteúdo. A autenticidade das mesmas, refere, deixa ao critério do leitor, uma vez que a cultura daquela administração, conforme explica, é de conflito, engodo e absoluto caos.

O livro chegou a 23 de fevereiro às livrarias portuguesas, através da Actual Editora, do Grupo Almedina. O Notícias ao Minuto falou com Sara Lutas, editora do Grupo Almedina, sobre o impacto da obra, traduzida e publicada em tempo quase recorde. “Donald Trump acaba por ser sempre notícia, mas este livro, dizendo respeito à primeira fase da sua presidência, teria que ser publicado o quanto antes”, indicou a responsável.

Descrevendo a receção dos leitores portugueses à obra como “fantástica”, Sara Lutas descreve um ambiente de muita expetativa para com a publicação.

“O povo português não é indiferente, a nível da curiosidade, ao presidente dos Estados Unidos, isto gerou um entusiasmo muito grande a nível internacional que teve repercussões fortes aqui em Portugal. Desde o início, quando dissemos que íamos publicar, recebemos várias mensagens de leitores, os próprios livreiros estavam muito entusiasmados, recebemos muitas pré-vendas… Agora, com o livro no mercado, temos vindo a verificar que os portugueses têm interesse em saber o que é que acontece dentro da Casa Branca de Donald Trump”

“É um caso único”, afirmou, referindo-se à figura de Donald Trump. “Especialmente pela polémica que tem gerado, desde a sua tomada de posse. O que este livro tem de diferente daquilo que tem vindo a ser publicado é a questão de ser um olhar de dentro, de alguém que teve acesso direto, acesso privilegiado a todas as pessoas que lidam com Donald Trump diariamente”, indicou.

Ao longo do livro, é possível espreitar as relações tempestuosas que formam o círculo mais próximo de Trump, assim como as opiniões dos funcionários da Casa Branca. “Conhecermos um bocadinho quem é que está a orquestrar esta presidência, qual é o relacionamento entre as pessoas mais próximas de Donald Trump e até que feudos é que se destacam. Não é só a sua atuação, mesmo a estrutura interna desta presidência é caótica e isso que lemos neste livro”, acrescenta a editora.

Sara Lutas sublinha que se denota uma luta constante entre “diversas fações” dentro da Casa Branca. “Aquilo que é interessante é que todos se tentam sabotar uns aos outros e, portanto, a instabilidade não é só aquilo que transparece cá para fora, é mesmo dentro do núcleo duro que rodeia o presidente”, indica.

Há, porém, uma linha orientadora que o autor atribui ao homem de negócios e à estrela de ‘reality shows’ que se tornou presidente. “[Trump] não sabendo o que quer, sabe que a sua forma de agir, sem filtro, o torna uma figura tão magnética. Há aqui uma grande sede de mediatismo. E segundo a visão do autor, Michael Wolff, isso é mesmo a tónica para o comportamento de Donald Trump”, termina a editora. Em baixo, um outro excerto do livro:

(…) Era esse resultado despreocupado que esperavam a 8 de novembro de 2016. A derrota seria boa para todos.

Pouco depois das oito horas dessa noite, quando a tendência inesperada – Trump poderia mesmo vencer – pareceu confirmada, Don Jr. disse a um amigo que o seu pai, ou DJT, como lhe chamava, parecia ter visto um fantasma. Melania, a quem Donald Trump dera a sua garantia solene, desfazia-se em lágrimas – e não eram de alegria.

Ali estava, no espaço de pouco mais de uma hora, observou Steve Bannon, não sem algum divertimento, um Trump atordoado a transformar-se num Trump incrédulo, e depois num Trump horrorizado. Mas faltava ainda a transformação final: subitamente, Donald Trump transformava-se num homem que acreditava merecer ser, e totalmente capaz de ser, o presidente dos Estados Unidos.

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