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São Pedro da Cova quer "reforçar a identidade e valorizar o património"

A União de Freguesias de Fânzeres/São Pedro da Cova, Gondomar, organiza, a partir de janeiro, atividades para "preservar a memória e contar às gerações futuras" a história da localidade que no passado abasteceu o país de carvão.

São Pedro da Cova quer "reforçar a identidade e valorizar o património"
Notícias ao Minuto

12:00 - 30/12/19 por Lusa

Cultura São Pedro da Cova

"Reforçar a identidade e valorizar o património" é o nome da exposição itinerante que em 2020 percorrerá as coletividades de São Pedro da Cova, freguesia do distrito do Porto, onde existe um complexo mineiro do qual era extraída cerca de 65% da produção nacional de carvão nos anos 30 e 40.

O presidente da Junta de Freguesia, Pedro Vieira, contou, à agência Lusa, que são várias as "datas redondas" que se assinalam no próximo ano a começar pelos 50 anos do encerramento das minas ou dos 10 anos da classificação como Monumento de Interesse Público do Cavalete do Poço de São Vicente, estrutura que existe no complexo mineiro atualmente abandonado.

"Temos um património riquíssimo, uma história muito importante que é mais do que a história da freguesia, é a história do concelho, da região e do país. Queremos que as gerações mais novas conheçam o passado dos pais, avós e bisavós. E as coletividades funcionam como veículos de difusão. Levaremos mais perto de cada lugar, de cada família, o acervo que conseguimos compilar no Museu Mineiro de São Pedro da Cova que também fez, este ano [2019], 30 anos", descreveu o autarca.

Além dos 10 anos da classificação do cavalete ou dos 50 desde o encerramento das minas, a junta e o museu prometem assinalar os 45 anos da criação do Centro Revolucionário Mineiro (CRM), estrutura responsável pela ocupação dos escritórios da Companhia das Minas de São Pedro da Cova em 1975.

"O CRM foi determinante na medida em que, em conjunto com comissões de moradores, promoveu a legalização das casas da encosta da Belavista, ajudou as pessoas a tratarem dos seus descontos, promoveu aulas de alfabetização para adultos, requalificou estradas e passeios e criou o SAAL - Sistema Ambulatório de Apoio Local", contou Pedro Vieira.

Além da exposição itinerante - que se estreia em janeiro no Centro Popular Trabalhadores Unidos ao São Pedro da Cova (CPTU) e vai passar por associações culturais, sociais e pelas sedes dos grupos folclóricos locais - será projetado o filme "Do Carvão aos Resíduos", do realizador Rui Simões.

A película conta a história ligada às minas, mas também que "agora são os resíduos tóxicos que ali foram depositados e que ameaçam a saúde de toda a população", como se lê na sinopse.

"Quarenta anos depois, do carvão aos resíduos, a luta é a mesma", acrescenta a apresentação do filme.

Em causa está o depósito nas escombreiras das antigas minas de carvão, em 2001/2002, de toneladas de resíduos industriais perigosos provenientes da Siderurgia Nacional.

No dia 15 de novembro, a tutela garantiu que a retirada dos resíduos vai continuar no início do próximo ano, isto depois de ter começado em outubro de 2014, mais de 10 anos depois do depósito, tendo terminado em maio do ano seguinte, com a retirada de 105.600 toneladas.

No entanto, ficaram para uma segunda fase de remoção mais 125 mil toneladas de resíduos. Através do Fundo Ambiental, foram alocados 12 milhões de euros para a remoção total, o concurso registou sete candidatos, mas esteve bloqueado mais de um ano no Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga.

"Estas iniciativas também servem para recordar este problema que continua a maltratar a população desta freguesia. Exige-se a retirada completa, urgente e de vez dos resíduos e a recuperação do espaço, preservando o património mineiro e natural", afirmou, à Lusa, Pedro Vieira, eleito pela CDU.

No dia 26 de novembro a Câmara de Gondomar anunciou que vai expropriar os 19 hectares onde estão depositados os resíduos perigosos e instalado o complexo mineiro, prevendo um investimento de cerca de 1,5 milhões de euros.

Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins (PS), garantiu que a medida está "consensualizada" com o Governo através do Ministério do Ambiente e Ação Climática.

"Vamos pedir que seja considerado um processo de utilidade pública, o que lhe confere caráter de urgência. É um grande esforço financeiro, mas permite, de uma vez por todas, acabar com este fantasma que são os resíduos perigosos de São Pedro da Cova e garantir a preservação do património histórico ligado às minas", disse o presidente da Câmara.

Em 2020 também faz 85 anos que o Cavalete do Poço de São Vicente foi construído.

Em abril de 2016, a junta de freguesia tornou público um parecer da Universidade do Porto que dava conta de que o cavalete necessitava de "reabilitação a curto prazo", sob pena de a degradação se tornar "irreversível".

Em 2018, a Câmara de Gondomar avançou estar em curso um estudo pelo Instituto da Construção da Faculdade de Engenharia que visava a recuperação do monumento.

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