Crato quer "implodir" investigação científica em Portugal
A deputada Catarina Martins, do BE, considerou hoje que o ministro da Educação quer "implodir" a investigação científica em Portugal, avançando que a Secretaria de Estado da Ciência e a direção da FCT não têm condições para continuar no lugar.
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País Bloco de Esquerda
Em declarações à agência Lusa, após uma audição pública sobre os centros de investigação em Portugal, Catarina Martins avançou que a secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira, e a direção da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) não têm condições para se manter no lugar, depois de a comunidade científica ter dado variados exemplos de que a avaliação que se encontra em curso, aos centros de investigação, não está a ser clara.
Catarina Martins acusa o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, de não estar a perceber que se trata de um processo de avaliação que está a ser realizado "sem uma visita aos próprios centros", e "sem o conhecimento do contexto, dizendo que áreas científicas não se podem investigar em Portugal, nem por investigadores portugueses".
"É uma avaliação que não tem pés nem cabeça e é inaceitável. Por isso, ou está disponível para voltar atrás com o processo, ou ficamos a saber que é o próprio ministro que tem de sair e de se afastar para que possa existir investigação científica em Portugal", sublinhou.
Catarina Martins lembrou ainda que o Bloco pediu a presença do diretor da FCT e da secretária de Estado da Ciência, no parlamento, mas que a maioria PSD/CDS chumbou esse pedido, alegando que só poderia ser ouvida no final do processo de avaliação.
A deputada considera ainda que o processo de avaliação demonstra uma "total ausência de estratégia para a ciência em Portugal", por parte dos responsáveis da Educação, afirmando que este processo coloca em causa a investigação científica até 2020.
"Este processo de avaliação encerra metade dos centros de investigação e tem custos muito grandes e longos no tempo", afirmou, argumentando que os dois responsáveis (secretaria de Estado e direção da FCT) têm de ser afastados, "se não forem capazes de arrepiar caminho" e de perceber, face a tudo o que a comunidade científica já demonstrou, os erros do processo e que tem de ser outra avaliação.
Catarina Martins lembrou também que o Bloco de Esquerda vem a alertar há vários anos para a precariedade do trabalho científico em Portugal e para a ciência, em si mesma, estar a ser atacada por este fator.
A deputada lembrou ainda que o próprio Ministério da Educação e a FCT criam divisões na comunidade científica, sobretudo quando na avaliação criam a divisão pelo "preconceito claro" em relação aos politécnicos e às universidades.
As unidades portuguesas de investigação estão a ser submetidas a um processo de avaliação que está a decorrer, e que já excluiu, da 2.ª fase, quase metade dos centros envolvidos.
Os resultados da avaliação aos laboratórios e centros de investigação vão ter consequências para o financiamento de bolsas e projetos de investigação, entre 2015 e 2020, tendo sido contestado por 128 de 322 instituições que se submeteram ao financiamento. Várias unidades, que tiveram boas notas em avaliações anteriores, baixaram este ano a classificação, perdendo fundos públicos.
Das 322 unidades avaliadas, 52% passaram à segunda fase e outras 26% obtiveram a classificação de Bom, tendo assegurado um financiamento base, avançou a Fundação para a Ciência e Tecnologia.
[Notícia atualizada às 15h41]
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