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"Paula Rego tem obra transgressora com valor inegável"

O investigador Rogério Puga, da organização da conferência internacional dedicada a Paula Rego, que começa na quinta-feira, em Lisboa, considera que ninguém fica indiferente à obra da pintora, porque "é transgressora" e "problematiza o mundo".

"Paula Rego tem obra transgressora com valor inegável"
Notícias ao Minuto

19:10 - 30/11/15 por Lusa

Cultura Investigador

Contactado pela agência Lusa sobre o encontro, que vai reunir 35 conferencistas portugueses e estrangeiros, o docente do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade Nova de Lisboa sublinhou que a conferência vai "fazer o ponto da situação dos estudos sobre a obra de Paula Rego".

"Quer se goste ou não, a obra de Paula Rego tem um valor inegável pelo reconhecimento em Portugal e no estrangeiro. É uma obra transgressora, que levanta questões importantes e problematiza o mundo. Não é uma obra neutral e pacífica", descreveu o investigador.

Intitulada "Caught in the Act: the (Literary) Imagiconography of Paula Rego" ("Apanhado em flagrante: a (literária) 'imagiconografia' de Paula Rego", em tradução livre), a conferência internacional vai ter lugar de quinta e sexta-feira na reitoria da Universidade Nova e contar com a presença do antigo presidente da República Jorge Sampaio.

O encontro é organizado pelo Centre for English, Translation and Anglo-Portuguese Studies (CETAPS), unidade de Investigação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH/NOVA).

De acordo com a organização, a pintora não irá estar presente, mas o filho, Nick Willing, irá revelar um excerto do documentário que está a realizar sobre a mãe, que este ano completou 80 anos.

A conferência vai assinalar o aniversário, homenagear a pintora e fazer o ponto da situação dos estudos sobre o seu trabalho, apresentando várias intervenções sobretudo na associação da obra da artista com a literatura.

Questionado sobre se é grande o interesse pelo estudo da obra da pintora portuguesa residente em Londres, Rogério Puga anuiu, indicando que existem investigadores em vários países, desde o Chile, Reino Unido, Brasil, Rússia.

"É grande o interesse porque a obra da artista atravessa vários temas e disciplinas, desde a psicologia, os direitos humanos, a antropologia e a etnografia", apontou.

Recordou o lançamento recente do livro "Sopa de Pedra", com ilustrações da pintora e texto da filha, Cas Willing, no qual "Paula Rego subverte a história, colocando uma jovem no lugar do protagonista, que em Portugal é um frade na história tradicional".

Sobre se a obra da pintora está suficientemente estudada em Portugal, o professor considerou que "é tão complexa, que há sempre muito mais a fazer", disse.

No encontro vão estar vários especialistas da obra da Paula Rego, nomeadamente Patrícia Silva McNeill (Queen Mary University of London/Centro de Estudos Sociais (CES), Universidade de Coimbra), Maria Luísa Coelho (University of Oxford), Teresa Pinto Coelho (FCSH, Universidade NOVA de Lisboa), Ana Rito (CIEBA/FBAUL, Centro de Investigação e Estudos em Belas Artes) e Paola Nestola (Universidade de Coimbra).

No âmbito da conferência internacional será inaugurada a exposição de homenagem, "Caught in the Act", na sexta-feira, na Fundação D. Luís, em Cascais, com curadoria de Emília Ferreira.

Esta mostra apresenta trabalhos de artistas plásticos portugueses como Ana Rito, Catarina Patrício, Diogo Muñoz, Ema M. e Hugo Barata, complementando a conferência internacional através da reflexão destes artistas sobre o trabalho de Paula Rego e os diferentes modos como a artista os inspirou.

O Department of Iberian and Latin American Studies da Queen Mary University of London, a Casa das Histórias Paula Rego e a Fundação D. Luís I são outras das instituições envolvidas na homenagem à pintora.

Paula Rego, que completou 80 anos em janeiro deste ano, começou a desenhar ainda em criança e partiu para a capital britânica com apenas 17 anos, para estudar na Slade School of Fine Art.

Em Londres conheceu o marido, o artista inglês Victor Willing, falecido em 1988, cuja obra Paula Rego já mostrou por várias vezes no museu Casa das Histórias, em Cascais, que detém um importante acervo de obras da autora.

Nas últimas décadas, a pintora tem abordado temas políticos, como o abuso de poder, e sociais, como o aborto, entre outros do universo feminino.

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