"Neste quadro eleitoral, não podemos deixar de lamentar e repudiar todas as pressões que foram exercidas sobre os possíveis candidatos da CDU", disse Vítor Silva em conferência de imprensa para apresentação das conclusões da reunião deste sábado da direção do PCP/Açores.

O coordenador do PCP/Açores garante que foram vários os casos de desistências de última hora derivado a avisos das entidades patronais a "possíveis candidatos pela CDU" às eleições autárquicas.

"Nós tivemos diversos casos em que candidatos que aceitaram integrar as listas da CDU, que no último dia antes de nós apresentarmos a candidatura nos telefonaram a informar que afinal já não podiam porque tinham conversado com a entidade patronal e a entidade patronal tinha chamado a atenção que isto podia ter resultados que não iriam ser muito benéficos do ponto de vista profissional", afirmou.

Vítor Silva diz que esta situação não aconteceu somente com "possíveis candidatos" e denuncia que depois do ato eleitoral do passado dia 1 de Outubro candidatos da CDU continuaram a receber "pressões".

"Mesmo depois do ato eleitoral algumas pessoas, que eram nossas candidatas e que prestavam serviço a algumas juntas de freguesia foram informadas que iriam deixar de prestar esse serviço, portanto, este é um comportamento inaceitável que nós condenamos e repudiamos", sublinhou.

O coordenador do PCP/Açores diz que se tem assistido nos Açores a "um fenómeno" complicado ao qual chama de "socio- popular democracia no PS" que tem a ver com três etapas de "aproximação, integração e absorção" (pelo PS).

"Muitos militantes por exemplo da JSD passaram para o PS, alguns autarcas do PSD que depois passaram, neste quadro (eleitoral), para o PS e vou dar o exemplo, fazendo futurologia, que é a lista de independentes na Calheta (na ilha de São Jorge) que está completamente integrada nesse sistema e possivelmente com a candidatura do atual presidente na lista do PS Açores nas próximas eleições regionais", disse.

Apesar de o PCP não ter conquistado nenhuma autarquia açoriana, Vítor Silva compromete-a "colocar em prática o que propôs nos programas eleitorais, dentro das possibilidades" através dos candidatos eleitos para as assembleias municipais e de freguesias ou de outros representantes do partido.

O coordenador regional dos comunistas acusou ainda o Governo Regional dos Açores, suportado pelo PS, de continuar a "insistir nas mesmas opções políticas, económicas e sociais" que estão "em falência" e apresentou propostas no âmbito do orçamento regional para 2018.

"Aumento de 5 para 7,5% do acréscimo regional ao salário mínimo nacional, 10% da remuneração complementar e aumento dos complementos regionais de pensão e de abono de família", disse.

Vítor Silva defendeu ainda "gratuitidade dos manuais escolares, eliminação das taxas moderadoras, redução do preço da eletricidade" bem como maior aposta na "formação profissional" e nas politicas de combate ao desemprego e precariedade laboral passando pelo "reforço dos meios da inspeção regional de trabalho".

Nos Açores, a CDU elegeu um vereador (Santa Cruz das Flores) , seis deputados municipais e três eleitos para as assembleias de freguesias. Em 2013, tinha o mesmo número de eleitos para as freguesias e assembleias municipais mas não tinha qualquer vereador.