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"Calamidade anunciada é resultado de anos de políticas erradas"

O PCP de Coimbra defendeu hoje a necessidade de "medidas de prevenção estrutural, de ordenamento florestal e de defesa da floresta contra incêndios" para evitar situações como as verificadas desde sábado em vários concelhos da região Centro.

"Calamidade anunciada é resultado de anos de políticas erradas"
Notícias ao Minuto

09:35 - 23/06/17 por Lusa

Política Incêndios

"Os problemas da floresta portuguesa e as catástrofes que, ano após ano, a atingem, são inseparáveis das consequências do plano nacional da Política Agrícola Comum e suas sucessivas reformas, do desaparecimento de muitos milhares de explorações familiares, da desertificação do mundo rural do interior do país e das suas consequências no plano do ordenamento do território nacional", refere, em comunicado.

Uma delegação da Direção da Organização Regional de Coimbra do PCP, onde se integra a deputada Ana Mesquita, vai deslocar-se no sábado às áreas afetadas "para avaliar das consequências da tragédia e as medidas necessárias a adotar".

O PCP manifesta "a sua profunda consternação pela perda de 64 vidas humanas" e faz votos de "que todos os feridos se restabeleçam tão depressa quanto possível". Solidariza-se também com as populações das 27 aldeias evacuadas e exige "que o Governo lhes garanta todo o apoio, condições de segurança, conforto e subsistência".

"É necessário que o Governo adote medidas urgentes de resposta a esta calamidade, ressarcindo as populações afetadas, e apoie de imediato a reconstrução das habitações destruídas pelo fogo", sublinha.

No entender do PCP, é também "necessário que a União Europeia responda urgentemente a esta calamidade com um apoio imediato, de caráter extraordinário".

"Esta calamidade anunciada é o resultado de anos sucessivos de políticas erradas viradas para o interior do país e respetivas áreas florestais, de onde expulsaram as pessoas com a liquidação de serviços públicos, encerrando centros e extensões de saúde, escolas, postos dos CTT, da EDP, tribunais, liquidação de Juntas de Freguesias, entre outras", lamenta.

O PCP critica também "as políticas florestais erradas dos sucessivos governos e da União Europeia, ao longo de muitos anos, viradas para a intensificação da plantação de plantas de crescimento rápido, de grandes manchas contínuas, sobretudo de eucalipto, mesmo em terrenos férteis".

"Não é atacando a exploração familiar e defendendo a concentração da propriedade, das grandes empresas de celuloses, que se resolverão estes problemas. Medidas em curso acentuarão a desertificação humana do nosso mundo rural, em especial do interior", alerta.

Na opinião do PCP, "a municipalização da floresta também não resolverá os problemas em que a falta de meios técnicos, humanos e financeiros, desresponsabilizarão o Estado central, criarão novas dificuldades, conduzirão à privatização e concentração das pequenas e médias explorações rurais".

"É necessário valorizar a importância dos pequenos produtores e compartes dos baldios, dar mais meios e poder de decisão às suas associações, dar resposta ao problema central do baixo preço do material lenhoso e assegurar o ordenamento da floresta, designadamente através da elaboração do cadastro florestal com meios financeiros adequados", acrescenta.

Dois grandes incêndios deflagraram no sábado na região Centro e obrigaram à mobilização de mais de dois milhares de operacionais, consumindo um total de cerca de 50 mil hectares de floresta e obrigando à evacuação de dezenas de aldeias.

O fogo que deflagrou em Escalos Fundeiros, em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, alastrou a Figueiró dos Vinhos e a Castanheira de Pera, fazendo 64 mortos e mais de 200 feridos.

As chamas chegaram ainda aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra, mas o fogo foi dado como dominado na quarta-feira à tarde.

O incêndio que teve início no concelho de Góis, no distrito de Coimbra, atingiu também Arganil e Pampilhosa da Serra, sem fazer vítimas mortais. Ficou dominado na manhã de quinta-feira.

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