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"Grande parte do país não compreendeu e não aceitou a minha saída"

O antigo líder social-democrata fez uma análise a diversos temas numa entrevista à SIC e ao semanário Expresso, na qual alerta que “Portugal continua muito vulnerável” e que "depois das últimas eleições, se agravou a desconfiança dos mercados".

"Grande parte do país não compreendeu e não aceitou a minha saída"
Notícias ao Minuto

23:59 - 06/05/16 por Inês André de Figueiredo

Política Durão Barroso

José Manuel Durão Barroso saiu da presidência da Comissão Europeia em 2014 e está de regresso à vida civil. Agora, em entrevista à SIC e ao Expresso (que será transmitida na íntegra esta madrugada e que pode ler amanhã no semanário), o antigo primeiro-ministro garante estar focado em dar continuidade à sua vida académica e em integrar o setor económico e empresarial, mantendo-se afastado da política.

Questionado sobre a forma como os portugueses veem a sua ida para a Comissão Europeia, e consequente saída do cargo de chefe de Executivo, o social-democrata frisa que devia explicações, mas que estas foram dadas “no governo, no partido, no Parlamento português” e ao Presidente da República que “apoiou” a decisão.

“Mas é verdade que houve incompreensão”, admite. Relembrando o caso de um colega belga da Comissão Europeia que tomou a mesma decisão e que foi muito bem compreendido e até bem visto, Durão Barroso é perentório: “No meu caso, uma grande parte do país não compreendeu e não aceitou”.

Neste momento, o antigo presidente da Comissão Europeia mostra-se empenhado em “continuar na vida académica”, sendo que dá aulas em várias universidades, e garante que recebeu “algumas propostas interessantes do setor económico e empresarial”, principalmente no estrangeiro.

E possível que aceite alguma coisa do ponto de vista não executivo. A política para mim, hoje em dia, como atividade, é passado”, ressalva.

Após resgate, “Portugal mantém certos desequilíbrios"

Numa análise ao programa de ajustamento a que o país foi submetido, Durão Barroso revela que “o objetivo do chamado programa de resgate foi apagar um incêndio, não foi, nem podia, ser resolver todos os problemas estruturais da economia portuguesa”.

Nesta senda, o social-democrata garante mesmo que “Portugal continua muito vulnerável”, referindo que “era bom que em Portugal não houvesse ilusões acerca desse aspeto”.

Portugal mantém certos desequilíbrios. Penso que, depois das últimas eleições, se agravou a desconfiança que ainda existe nos mercados e nos principais agentes económicos internacionais em relação a Portugal”, o que, na opinião de Durão Barroso, tem a ver com os “sinais dados em termos de regressões de reformas [que] estavam em curso”.

O antigo líder social-democrata aborda ainda o facto de ter havido uma “injeção monetária sem precedentes”, que crê estar “a criar outro tipo de problemas”, e que, frisa, se esta política terminar irá “pôr a nu fragilidades económicas e financeiras”.

Por outro lado, Durão Barroso explica que o Governo, mais especialmente António Costa, tem “usado bem todo o seu network, as suas redes em Bruxelas e no Partido Socialista Europeu e tem contado com uma condescendência ou simpatia que lhe permite alguma folga”.

Em relação a Passos Coelho, o social-democrata diz ter ficado “com uma grande admiração” pelo antigo primeiro-ministro, por ter mostrado “grande sentido de Estado, grande firmeza e grande responsabilidade”, apesar de referir que este não “apresentou com empatia, e com suficiente compreensão pelos problemas dos portugueses, as medidas que estava a levar a cabo”.

“Acho que aí houve um problema de comunicação e de relacionamento profundo com o país”, afirma. 

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