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"Nunca me agradou o interesse de Marcelo em contentar todos"

Enquanto aguarda pela acusação formal do Ministério Público, que se tudo correr bem chegará em meados de setembro, José Sócrates falou sobre vários temas da atualidade ao jornal El País.

"Nunca me agradou o interesse de Marcelo em contentar todos"
Notícias ao Minuto

15:03 - 11/04/16 por Ana Lemos

Política José Sócrates

A investigação, designada Operação Marquês, foi iniciada há três anos e meio mas o antigo primeiro-ministro ainda aguarda pela acusação do Ministério Público. No entretanto esteve nove meses preso preventivamente em Évora e outro tanto em prisão domiciliária. Esta segunda-feira em entrevista ao El País, versão brasileira, diz-se alvo das acusações da “moda” referindo-se aos crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção.

Neste sentido aproveita para repetir os argumentos, tantas vezes, proferidos pela sua Defesa durante este período. “Depois de 16 meses da minha detenção, [não há] nem factos, nem provas, nem acusação. Não há um caso similar em nenhum país europeu, em nenhuma democracia ocidental, de alguém que passe nove meses preso sem acusação”, contesta Sócrates.

Na opinião do antigo chefe de Governo, “a acusação de corrupção transformou-se num instrumento jurídico para a destruição política. Antes para eliminar um político acusavam-no de atentar contra a segurança do Estado. O golpe de força moderno é a falsa acusação de corrupção. Não são necessários factos nem provas, basta acusar para que tenha o efeito de um assassinato político”.

Foi disso alvo, afirma Sócrates, com dois objetivos claros: “Impedir a minha candidatura à Presidência e que o Partido Socialista não ganhasse as eleições. Conseguiram os dois”. A este propósito, e convidado a comentar a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa, diz que “nunca” lhe “agradou o interesse [de Marcelo] em querer contentar a todos”.

“O Presidente Marcelo sempre foi uma personagem em busca de seu papel político. E descobriu-o finalmente, o papel dos afetos, eixo de todo um novo programa político. Por outro lado, vejo o alvoroço diário de sua presidência como uma necessidade de querer sublimar a frustração por ter sido afastado da política durante 20 anos”, sublinha José Sócrates.

No que diz respeito à situação política no Brasil, o antigo primeiro-ministro revela-se “curioso com o paralelismo” entre o seu caso e o de Lula da Silva: “Houve detenção abusiva e querem julgamentos populares sem possibilidade de defesa. O que ocorre no Brasil é uma tentativa de destituição sem delito, sem fundamento constitucional”.

“Se queremos caracterizar o que está a acontecer no Brasil é muito simples: temos uma tentativa de obter ou de realizar uma destituição política sem crime. Ora isso é absolutamente inconstitucional. O que é que a Direita política pretende no Brasil? É destituir a presidente sem haver fundamento. Isso é, portanto, um golpe político, um golpe constitucional. Há uns anos, há umas décadas, usaram o Exército, utilizam agora a Justiça. Parece-me uma coisa tão evidente quanto repugnante da parte da Direita política que não compreenda que isso terá uma consequência horrível no seu país”, conclui José Sócrates.

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