Costa deve esclarecer "envolvimento de Cravinho nos negócios da Defesa"
A coordenadora do BE defendeu hoje que o primeiro-ministro tem que esclarecer o país sobre "o envolvimento de João Gomes Cravinho nos negócios da Defesa" depois de o ministro ter "perdido a oportunidade" de clarificar as dúvidas no parlamento.
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Política Bloco de Esquerda
À margem da concentração dos enfermeiros da hospitalização privada, em Lisboa, Mariana Mortágua referiu-se às mais recentes notícias que envolvem o antigo ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, e o ex-secretário de Estado Marco Capitão Ferreira, considerando que se trata de uma "suspeita muito grave que tem de ser esclarecida".
"Uma vez que o ministro João Cravinho não o fez e perdeu a oportunidade no parlamento de esclarecer qualquer dúvida sobre esta matéria, é preciso que o primeiro-ministro tome uma decisão", defendeu, considerando que é devida uma "resposta ao país" pelo chefe do executivo socialista.
Para a líder do BE, ou António Costa "esclarece cabalmente o envolvimento do ministro João Cravinho nos negócios da Defesa" ou então, se não o fizer, "não tem outra solução a não ser retirar confiança a João Cravinho".
"Essa resposta é simples: é se confirma ou desmente as mais recentes notícias de uma comissão informal que envolvia Marco Capitão Ferreira ou então, se não consegue esclarecer ou se confirma essas notícias, penso que é óbvio que João Cravinho não tem legitimidade para se manter enquanto ministro", insistiu.
Segundo Mariana Mortágua, "o que as recentes notícias mostram é que a relação entre João Cravinho e Marco Capitão Ferreira é diferente daquela que o ministro João Cravinho contou na comissão parlamentar".
"João Cravinho diz que não conhece nem tem uma relação profissional com Marco Capitão Ferreira e vem entretanto a sabe-se que havia uma comissão fantasma, uma comissão informal para tomar decisões e para estudar assuntos relacionados com a defesa e esta comissão fantasma acontece e existe antes de haver um contrato de consultoria assinado com o Marco Capitão Ferreira, que entrega a este dezenas de milhares de euros por uma consultoria que não ocorreu", sintetizou.
Perante esta notícia, a líder do BE considera legítimo que se pergunte e suspeite que "esse pagamento de consultoria foi uma forma de, afinal, remunerar os serviços no âmbito desta comissão informal".
Segundo a edição da Visão de quinta-feira, entre fevereiro e março de 2019, Marco Capitão Ferreira assessorou a Direção-Geral de Recursos e Defesa Nacional no contrato relativo aos helicópteros EH-101 ao mesmo tempo que trabalhou para o gabinete do então ministro da Defesa, integrado numa alegada "comissão fantasma" que tinha como objetivo realizar um estudo.
Marco Capitão Ferreira demitiu-se de secretário de Estado da Defesa no início de julho, no dia em que foi constituído arguido no âmbito da operação 'Tempestade Perfeita', suspeito dos crimes de corrupção e participação económica em negócio, e alvo de buscas, que também ocorreram nas instalações da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional.
Marco Capitão Ferreira tomou posse como secretário de Estado da Defesa Nacional em março de 2022, desde o início do atual Governo, e antes foi presidente do conselho de administração da idD Portugal Defence, a 'holding' que gere as participações públicas nas empresas da Defesa -- cargo que assumiu em 2020 e para o qual foi nomeado por Gomes Cravinho.
Na audição no parlamento, na passada sexta-feira, o antigo ministro da Defesa e atual ministro dos Negócios Estrangeiros assegurou que não indicou Marco Capitão Ferreira para a polémica assessoria prestada à Direção-Geral de Recursos da Defesa, remetendo a responsabilidade para o antigo responsável Alberto Coelho.
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