O ex-deputado do PSD, José Pacheco Pereira, considerou no domingo, no programa 'O Princípio da Incerteza' da CNN Portugal, que há "uma completa legitimidade de Cavaco Silva em dizer o que disse" sobre a liderança do atual Governo.

"Há uma completa legitimidade de Cavaco Silva em dizer o que disse. Há uma radicalização de toda aquela área política, que também se materializa nele (...) e há muito cansaço da oposição, um cansaço de muitos anos, e, ao mesmo tempo, uma certa desesperança na capacidade de chegar ao poder", afirmou o também antigo vice-presidente do Parlamento Europeu.

Na sua perspetiva, é ainda necessário discutir "um bocado mais a fundo, o problema do Chega e do PSD" - até porque disse ter "quase a certeza de que o PSD não vai para o Governo, o PSD não fará qualquer acordo formal com o Chega, mas fica nas mãos do Chega em cada votação".

No mesmo espaço de comentário, António Lobo Xavier, antigo candidato à liderança do CDS-PP, deixou uma crítica à reação do Executivo socialista face às palavras do ex-chefe de Estado. "Então, os campeões da falta de sentido de Estado falam agora do sentido de Estado do senhor Cavaco Silva, que se limitou a notar, a traço carregado, que o Governo, do ponto de vista dos seus planos e resultados, era incompetente, que a mentira era um modo de atuação permanente (...), e que, no entendimento dele, já não há tempo para imaginar que o PSD pode ter uma volta ou que podem voltar outros líderes" ao partido.

Do discurso de Aníbal Cavaco Silva, António Lobo Xavier retirou que o mesmo demonstra "um apoio ao partido que existe, à direção que existe e ao líder que existe, porque não haverá tempo para outra coisa, pelo modo como ele analisa a evolução dos acontecimentos políticos".

Já a deputada socialista Alexandra Leitão disse que "sempre que o professor Cavaco Silva fala, apouca o líder do PSD que estiver em funções". Até porque, ressalvou, "toda a gente dá muito mais atenção ao que diz o professor Cavaco Silva do que ao que diz o presidente do PSD".

E acrescentou, sobre o tema: "E até a ideia de dizer bem [líder do PSD] deste porque não há tempo para outro, não é uma ideia particularmente edificante para o líder do maior partido político da oposição".

Estas análises surgem após o ex-presidente da República Aníbal Cavaco Silva ter tecido, na tarde de sábado, duras críticas ao Governo, apontando o dedo ao chefe do Executivo, António Costa, e, por outro lado, enaltecendo a prestação de Luís Montenegro como presidente do PSD.

"Há que resgatar o debate político porque ele é importante em democracia. Segundo o que vemos, ouvimos e lemos, existem duas áreas em que o Governo socialista é especialista: na mentira, e na propaganda e truques", acusou o social-democrata durante a sua intervenção no 3.º Encontro dos Autarcas Sociais Democratas, em Lisboa. 

O antecessor de Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que, "durante um mês", não houve um dia em que a imprensa - 'em cima' do Governo devido às sucessivas polémicas - não tivesse demonstrado que o Executivo não mente. "Perguntem aos vossos munícipes se ainda se pode acreditar em quem passa os dias a mentir", afirmou para os autarcas que o escutavam.

Referindo-se a Montenegro, Cavaco Silva sublinhou que este "tem identificado muito bem o seu adversário político - o PS e o seu Governo". Na sua ótica, o seu partido "não deve dispersar a sua energia com outros partidos nem responder às provocações que deles possam vir". "O PSD é inequivocamente a única verdadeira alternativa credível ao poder", frisou.

Os comentários do ex-chefe de Estado foram alvo de reação por parte de vários dos partidos com assento parlamentar (e não só).

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