“O CDS morreu ontem e vai fazer muita falta à democracia portuguesa"
Partido registou pior resultado de sempre e antigo dirigente lamentou a "morte" do partido.
© Global Imagens
Política António Pires de Lima
Foi numa publicação feita na rede social Facebook que o antigo dirigente do CDS, António Pires de Lima, lamentou a "morte" do partido que ontem perdeu representação parlamentar.
O antigo ministro da Economia, que se desfiliou do CDS no final de outubro, disse que, "na ausência de dois Congressos – um solicitado e não concedido, outro marcado e depois cancelado – o CDS nem oportunidade teve de passar pela última estação”.
Acrescenta Pires de Lima que “o CDS morreu ontem e vai, realmente, fazer muita falta à democracia portuguesa”.
Em causa, diz ainda, estão “as mais elementares regras de democracia e respeito pelos militantes”.
Em declarações à agência Lusa, lembrou também que defendeu, em setembro de 2020, no jornal Expresso, que o "CDS faz muita falta à democracia portuguesa e não devia morrer assim".
Recorde-se que o antigo dirigente do CDS se desfiliou no final de outubro de 2021 afirmando que estava a mais num partido "onde não existe liberdade". Acrescentava então que, "num partido onde a diferença não é valorizada", não fazia falta. "Num partido onde não existe liberdade, eu estou a mais", dizia o antigo ministro, na carta de desfiliação datada de 31 de outubro.
Umas semanas depois, Pires de Lima acusava o líder Francisco Rodrigues dos Santos de "se vitimizar" e dizia não votar no partido.
O CDS teve ontem à noite o pior resultado de sempre, ao conquistar apenas 1,46% dos votos, quando nas últimas legislativas atingiu 3,34%. Não conseguiu com este resultado eleger qualquer deputado, tendo ficado afastado do parlamento pela primeira vez em 47 anos.
O CDS-PP foi o sétimo partido mais votado, tendo ficado à frente do Pessoas-Animais-Natureza (PAN) e do Livre em percentagem e número de votos, mas não conseguiu eleger qualquer deputado, ao contrário destes dois partidos, que elegeram um deputado cada um pelo círculo de Lisboa.
O presidente do partido e cabeça de lista por Lisboa, Francisco Rodrigues dos Santos, assumiu "todas as responsabilidades" pelo resultado e anunciou que apresentou a demissão.
O PS alcançou a maioria absoluta nas legislativas de domingo e uma vantagem superior a 13 pontos percentuais sobre o PSD, numa eleição que consagrou o Chega como a terceira força política do parlamento.
Com 41,7% dos votos e 117 deputados no parlamento, quando estão ainda por atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração, António Costa alcança a segunda maioria absoluta da história do Partido Socialista, depois da de José Sócrates em 2005.
O PSD conseguiu 27,8% dos votos e 71 deputados sozinho, subindo para 76 com os mandatos obtidos nas coligações da Madeira e dos Açores (com o CDS-PP nos dois casos e com o PPM nos Açores), enquanto o Chega alcançou o terceiro lugar, com 7,15% e 12 deputados, a Iniciativa Liberal (IL) ficou em quarto, com 5% e oito deputados, e o Bloco de Esquerda em sexto, com 4,46% e cinco deputados.
A CDU com 4,39% elegeu seis deputados, o PAN com 1,53% terá um deputado, e o Livre, com 1,28% também um deputado. O CDS-PP alcançou 1,61% dos votos, mas não elegeu qualquer parlamentar.
A abstenção em território nacional desceu para os 42,04% depois de ter alcançado os 45,5% em 2019.
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