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Perder estabilidade política do país "seria um monumental tiro nos pés"

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros está confiante na aprovação do Orçamento do Estado para 2021 e tece elogios aos partidos que entraram nas negociações "de espítiro aberto", agindo "responsavelmente". Por contraponto, diz não compreender a opção do Bloco de Esquerda em votar contra a proposta do Governo.

Perder estabilidade política do país "seria um monumental tiro nos pés"
Notícias ao Minuto

23:53 - 04/11/20 por Melissa Lopes

Política Santos Silva

Augusto Santos Silva manifestou, em entrevista à RTP esta quarta-feira, confiança na aprovação do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), rejeitando a ideia de que a viabilização na generalidade foi feita "no limite" e "à última da hora". 

Questionado sobre se há condições para o OE2021 ser aprovado na votação final global, o ministro afirmou: "Confio e espero que seja aprovado", justificando a afirmação com três razões. 

Em primeiro lugar, disse, "é isso que tem acontecido desde 2015, há um caminho que tem sido percorrido".

Em segundo lugar, "a mudança principal que resulta das últimas eleições é que onde antes o PS precisava, pelo menos, dos votos combinados do PCP e do BE para que os Orçamentos fossem aprovados. A partir de outubro de 2019, por decisão do povo português, passou a precisar só dos votos de um destes partidos em outras combinações".  Quer no Orçamento Suplementar quer no OE2021, sublinhou Santos Silva, "o que estamos a ver é que essa maior plasticidade criada pelo resultado eleitoral vai-se verificando, o que não é de espantar". 

A terceira razão, "a mais importante" para Santos Silva, prende-se com o facto de se tratar realmente de "um bom orçamento". "Um orçamento contracíclico como era preciso, com as prioridades certas, que põe em suspenso a lógica da consolidação orçamental para dar toda a prioridade às políticas de natureza social e às políticas económicas", descreveu, acrescentando ainda que estamos perante um Orçamento "feito de forma bastante criteriosa" por uma equipa que tem provas dadas ao longo dos anos. E assim sendo, o governante não vê por que razão não há-de ser aprovado o OE2021. 

Interrogado sobre o posicionamento do Presidente da República sobre uma crise política em plena crise pandémica, social e económica, o ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que a mensagem de Marcelo chegou a alguns partidos, pelo menos àqueles que "se comportaram responsavelmente na negociação deste Orçamento". 

Puxando a "brasa" à sua sardinha - expressão usada por Santos Silva -, questionou: "Já viu a dificuldade em que estaria em janeiro ao assumir a presidência portuguesa da UE em contexto de crise política sem o OE aprovado?". Completando de seguida: "Não imagina a força que é, e a vantagem que é para o meu trabalho, poder dizer em Bruxelas, em Washington, que Portugal tem estabilidade política, que é um país que não cria crises políticas artificiais". Na ótica de Santos Silva, "perder todas essas vantagens por nossa decisão seria um monumental tiro nos pés". 

Santos Silva voltaria ainda a referir-se aos partidos que se "comportaram responsavelmente" e que, estando na oposição, não têm a obrigação de aprovar o Orçamento. PCP, PEV, PAN, e as duas deputadas não inscritas "entraram nas negociações de espírito aberto e conseguiram ganhos", elogiou. Quanto à opção do Bloco de Esquerda, que votou contra a proposta do Governo, apenas disse não compreender a decisão do partido. 

Sobre se a crise pandémica poderá ter um impacto negativo na perceção pública do Governo, o ministro 'vestiu' a pele de "Silva, o professor de Ciência Política", para dizer que "os livros sugerem que é inevitável" haver um desgaste.

"Numa primeira fase há aquele movimento de unidade em torno da liderança. Portanto, numa primeira fase, os governos até são beneficiados. E depois, à medida que os efeitos se vão sentindo e se tornam duradouros, evidentemente que há um desgaste. Mas essa é a variável que menos interessa aqui", declarou. 

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