Horas após o único eurodeputado do PAN, Francisco Guerreiro, se ter dissociado do partido devido a "divergências políticas", Sandra Marques, deputada municipal do PAN em Cascais, membro da distrital de Lisboa e membro da comissão política do partido, anunciou que decidiu sair da estrutura política. 

"Hoje desfiliei-me do PAN! Antes de mais quero agradecer a todos/as os que durante estes anos se cruzaram no meu caminho político dentro do PAN e acrescentaram à minha pessoa e ao meu percurso colectivo", começou por revelar a deputada num texto divulgado na sua página oficial no Facebook.

Sem querer "tecer estruturais considerações sobre esta decisão", Sandra Marques apenas adiantou que "nos últimos meses" tem decorrido uma "centralização do debate e da ação política dentro do PAN", que há "falta de vontade em aceitar ideias de fora do núcleo duro" e que existe "ausência de debate político em matérias essenciais", como "o crescimento do partido no país e no estrangeiro".

"[Há] uma alteração vincada no estilo de comunicação do PAN que antes se baseava na não violência. Também me parece evidente que a não defesa, e mesmo bloqueio, de matérias tão PAN, como a implementação/estudo de um projecto piloto de Rendimento Básico Incondicional no país e na Europa demonstram que temas tão estruturantes caem no esquecimento mesmo contra o pedido de vários filiados/as", sublinhou, denotando um dos argumentos também referidos hoje pelo seu marido, Francisco Guerreiro. 

Recusando-se a "falar em nomes" pois acredita que se deve falar "em ideias e ações", a deputada garantiu ainda que não irá "expor" mais análises sobre as razões que a levaram a deixar o partido. 

"Considero que o PAN deve seguir o seu rumo com a liderança que tem e terá. Como democrata que sou aceito que seja este o caminho que esteja a ser tomado só não posso, em devida consciência, dedicar-me a algo em que já não acredito", sustentou, acrescentando que no futuro irá dedicar-se "a projectos ativistas na área ambiental e social".

Recorde-se que o eurodeputado Francisco Guerreiro anunciou, durante a manhã desta terça-feira, que saiu do PAN por "divergências políticas" com a direção do partido pelo qual foi cabeça de lista nas europeias do ano passado. Contudo, garantiu que irá manter-se no Parlamento Europeu para continuar a defender "os ideais pelos quais foi eleito e se rege".

Entretanto, o porta-voz do partido, André Silva já reagiu publicamente à perda de representação do PAN em Bruxelas e sobre a saída de Francisco Guerreiro. "A saída do deputado vem defraudar os compromissos assumidos perante os eleitores e o partido, não por vontade própria do PAN, mas pela conduta adotada pelo eurodeputado", começou por apontar o líder parlamentar do partido fundado em 2009.

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