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"Há sempre quem ache que a democracia é uma espécie de entretenimento"

O deputado socialista Porfírio Silva questiona a importância do debate ideológico,estabelecendo o paralelismo com António Costa e o seu Governo, que apresenta as suas opções sem lhes "colocar etiquetas".

"Há sempre quem ache que a democracia é uma espécie de entretenimento"
Notícias ao Minuto

08:30 - 04/06/18 por Tiago Miguel Simões

Política Porfírio Silva

Começando o seu texto por abordar o 22.º Congresso Nacional do Partido Socialista, que “foi precedido de intenso debate ideológico e político”, em que se abordou o cruzamento entre o património da social-democracia com as opções governativas, Porfírio Silva lança o mote para um artigo sobre debate ideológico.

Será ocioso o debate ideológico? São irrelevantes as escolhas ideológicas?, questiona, respondendo depois de explanar uma série de exemplos históricos que davam força ao seu ponto. “Sem ideologia, a política é um exercício cego. Uma ideologia dogmática, que não se deixa questionar pela realidade, é outro exercício cego. Para evitar a cegueira, precisamos de ideologia com debate”, explicou, complementando com o exemplo prático do atual governo socialista: “É nisso que o PS tem ancorado muita da sua força política, ao longo dos anos, nos momentos de decisão da sua história. Não é entretenimento”, garante.

Em resposta àqueles que não viram a ideologia no discurso do primeiro-ministro no encerramento do congresso do PS, Porfírio Silva pergunta se as políticas educativas e de habitação não bastam para se perceber a ideologia, uma vez que “contrastam” com as políticas do governo de Passos Coelho, assumindo uma responsabilidade dos poderes públicos “que outros rejeitam”, melhorando a vida da população em geral e não somente a de “pequenos grupos sociais”.

“As ideias que António Costa apresentou para uma nova conciliação entre vida pessoal, vida familiar e vida profissional - não têm ideologia? Dizer isso seria como pretender que a reivindicação das 8 horas como jornada de trabalho não era ideológica”, escreve continuando a defesa do líder socialista.

Para o deputado, o que António Costa faz, e bem, é apresentar as suas opções ideológicas sem lhes colocar etiquetas. “Para ser de esquerda não é preciso andar a proclamar tal coisa”, pode ler-se. Ainda assim, Porfírio Silva diz que naturalmente as linhas de rumo apresentadas pelo primeiro-ministro são orientadas pelo socialismo democrático, a matriz do seu partido, mas ao mesmo tempo procuram atualizar-se, responder aos novos desafios e mudanças sociais.

“Há sempre quem ache que a democracia é uma espécie de entretenimento, porque se chegaria muito mais eficientemente à meta sem os “desperdícios” da política democrática, da qual faz parte a discussão ideológica. O desprezo com que se trata o debate programático e ideológico é, apenas, uma sub-variante dessa tentação. É preciso dizê-lo, para que ninguém despreze nenhuma componente do debate democrático", conclui.

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