Manual de praxes: "Caloiro não é racional, é servil e resignado"
"Continua a ser uma mentira dizer que só vai à praxe quem quer", acredita o deputado bloquista Luís Monteiro.
© Global Imagens
Política Luís Monteiro
Um manual de sobrevivência do caloiro, distribuído na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, foi divulgado por Luís Monteiro, deputado do Bloco de Esquerda, e trouxe de volta a discussão em torno do tema das praxes. Na informação inicialmente avançada pelo jornal Público, o diretor da universidade em causa garantiu ser “impossível” a existência de praxe nas suas instalações.
“O caloiro não é um ser racional; a espécie em questão não goza de qualquer direito, salvo o da existência (até por vezes questionável); o caloiro é incondicionalmente servil, obediente e resignado; o caloiro é assexuado, o caloiro deve sempre guarnecido de tabaco, porém jamais o consome sob que pretexto for”. As frases referidas são algumas das que se encontram nesse mesmo manual e que foram duramente criticadas pelo bloquista.
Em declarações ao Notícias ao Minuto, Luís Monteiro recordou os seus tempos de estudante, na Faculdade de Letras, e a forma como foi “assistindo ao que era o modus operandi da praxe, que tem algumas diferenças de faculdade para faculdade, mas em há um modus operandi mais ou menos geral conhecido”.
Numa análise ao manual que divulgou, o deputado mais novo da Assembleia da República realça que a primeira reação possível de ter “é que alguém continua a viver no século XIX”. “O tipo de linguagem utilizada, a cultura da subserviência, da subjugação, de um discurso machista, que marca uma visão da praxe que não pode ser a visão do Ensino Superior no século XXI, em 2017” deve ser é visto como uma “grande visão”.
“Continua a ser uma mentira dizer que só vai à praxe quem quer. [Isto] é verdade se houver alternativas reais a isso. Agora, para quem chega a uma cidade pela primeira vez, não conhece ninguém, a última alternativa, muitas vezes até pressionado na altura das matrículas, é justamente ir para a praxe ou não ter nenhum tipo de integração”, justifica, com a opinião de quem deixou o Ensino Superior há bem pouco tempo.
O jovem deputado acredita que há “falta mecanismos de denúncia e de fiscalização e de alternativas reais a quem não quer ir à praxe”, que o número disponibilizado “precisa de ser mais publicitado”, frisando que é necessário que “as instituições agarrem esse mecanismo e que criem gabinetes de apoio ao estudante, um serviço de proximidade”. Aliás, Luís Monteiro assegura, mesmo, que esta é uma responsabilidade “do país, das universidades, do Ministério do Ensino Superior”, em que todos “são chamados à questão e é preciso ter uma resposta em conjunto”.
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