Oposição queniana demarca-se do acordo entre o seu líder e o Presidente
A coligação opositora queniana Super Aliança Nacional (NASA, em inglês) demarcou-se hoje do pacto para solucionar a crise política que o país atravessa desde as eleições de agosto, anunciado pelo seu líder, Raila Odinga, e pelo Presidente, Uhuru Kenyatta.
© Reuters
Mundo Quénia
"A reunião foi entre duas pessoas, individualmente, e não tem o apoio de toda a NASA, como deveria ser", disse o colíder da coligação, Musalia Mudavadi, citado pelo jornal Daily Nation.
Kenyatta e Odinga mantiveram na sexta-feira a sua primeira reunião desde as disputadas eleições de 08 de agosto de 2017.
As eleições foram vencidas por Kenyatta, mas foram impugnadas pelo líder opositor. A votação foi repetida a 26 de outubro, mas foi boicotada pela oposição, pelo que Kenyatta ganhou com 98% dos votos.
"Chegou a hora de enfrentar e resolver as nossas diferenças", afirmou, após o encontro, Odinga, que se autoproclamou "presidente do povo" a 30 de janeiro, num evento em que o Ministério Público do país ameaçou detê-lo por traição, uma acusação que pode levar à pena de morte, embora não seja aplicada no Quénia desde 1987.
"A divisão acaba aqui. Começamos o processo de construir o Quénia", acrescentou o chefe da oposição, que deu um efusivo aperto de mão ao presidente, perante os jornalistas.
A reunião também foi criticada pelo advogado opositor Miguna Miguna, que foi detido por participar na auto-proclamação de Odinga e repatriado para o Canadá, país de que também possui nacionalidade.
Miguna disse na sexta-feira que o acordo Odinga-Kenyatta é uma traição para todos os falecidos nos protestos pós-eleitorais, que ele mesmo quantificou em 380 pessoas.
Personalidades internacionais, como o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, e o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, felicitaram os dois líderes por avançarem no diálogo.
Tillerson, que fez escala no Quénia durante uma viagem por África, disse na sexta-feira, numa conferência de imprensa, que "ambos os homens mostraram um grande sentido de liderança ao assinar em conjunto o acordo", concedendo-lhes o crédito da reunião, perante as perguntas dos jornalistas sobre a coincidência do acordo e da sua visita.
Faki Mahamat, pelo seu lado, considerou que a declaração conjunta "constitui um passo muito encorajador para a reconciliação nacional e apelou a todos os dirigentes quenianos que apoiem este processo".
A coligação governante, o Jubileu, reconheceu o acordo e considerou-o "um movimento político significativo e valente", nas palavras do secretário-geral, Raphael Tuju.
Até agora, Odinga não tinha reconhecido como válidas as eleições de outubro nem o resultado da votação de agosto, dos quais assegura ser o verdadeiro vencedor com supostos resultados alternativos que lhe dariam 8,1 milhões de votos, face aos 7,8 milhões que alegava terem sido obtidos por Kenyatta, reeleito para um segundo mandato.
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