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Líder da oposição encena tomada de posse como "presidente do povo"

O líder da oposição do Quénia, Raila Odinga, tomou hoje posse como "Presidente do povo" numa cerimónia encenada pelos seus apoiantes, apesar de o Governo ter avisado que o evento seria considerado uma traição.

Líder da oposição encena tomada de posse como "presidente do povo"
Notícias ao Minuto

13:25 - 30/01/18 por Lusa

Mundo Quénia

Milhares de pessoas encheram um parque na capital do Quénia para a cerimónia que pretendeu protestar contra o novo mandato do Presidente eleito, Uhuru Kenyatta, meses depois de uma eleição turbulenta.

Odinga segurou uma Bíblia acima da sua cabeça e disse que "hoje é um dia histórico para a história do Quénia".

A oposição contestou em tribunal, mas sem sucesso, a eleição do Presidente em agosto, denunciado fraude eleitoral, mas boicotou a realização de uma nova eleição em outubro, argumentando que primeiro era preciso fazer uma reforma eleitoral.

O Governo do Quénia cortou a emissão de três estações televisivas que transmitiam em direto a 'cerimónia' de tomada de posse do líder da oposição.

Esta ação de protesto encenada por Odinga acontece semanas depois de a Missão de Observação da União Europeia (UE) ter publicado um relatório crítico sobre a forma como decorreu o processo eleitoral das presidenciais de outubro de 2017 no Quénia.

O relatório, apresentado em Bruxelas a 10 de janeiro, provocou a ira em Nairobi, pois, não fazendo qualquer referência à validação da votação, apresenta 29 recomendações para melhorar o processo eleitoral do próximo escrutínio, em 2022.

As eleições, boicotadas pela oposição, permitiram a reeleição do Presidente Uhuru Kenyatta, mas a missão de observação da UE aponta duras críticas à organização do escrutínio.

A votação, uma repetição das eleições presidenciais de 08 de agosto consideradas "fraudulentas" pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) queniano, que acabou por as anular, não pôs termo a um processo eleitoral polémico em que a oposição voltou a denunciar a existência de fraudes.

"Cheios de esperança com as eleições, os quenianos conheceram múltiplas deceções. O Quénia está profundamente dividido", disse hoje a chefe da missão de observação, a holandesa Marietje Schaake, também eurodeputada, numa conferência de imprensa retransmitida pela Internet.

"As eleições gerais de 2017 (agosto e outubro) foram caracterizadas por uma corrida às presidenciais longa e perniciosa, que custou vidas e afetou o sistema democrático no Quénia. O processo eleitoral foi prejudicado pelos líderes políticos, que atacaram instituições independentes, e pela falta de diálogo entre os dois campos", lê-se no relatório.

O campo de Kenyatta "ameaçou com frequência" a justiça queniana após terem sido invalidados os resultados da votação de agosto, que lhe deram a vitória, enquanto o lado do opositor Raila Odinga não parou com as críticas à comissão eleitoral local, prossegue o relatório.

Várias organizações de defesa dos direitos humanos indicaram que pelo menos 90 pessoas morreram durante os atos de violência que acompanharam os dois processos eleitorais, na grande maioria na sequência da repressão policial de manifestações da oposição, lembra-se no documento.

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