"Uhuru Kenyatta não é o Presidente do Quénia. Não reconhecemos as eleições de 26 de outubro, foi uma farsa. As eleições foram boicotadas por 83% da população, que se absteve", disse Odinga aos seus seguidores, citado pelos órgãos de comunicação social, depois de Kenyatta ter sido reconduzido num segundo mandato de cinco anos como Presidente queniano.

O partido de Raila Odinga, a Super Aliança Nacional (NASA, na sigla em inglês), apelou à não participação no ato eleitoral de 26 de outubro, uma repetição das eleições presidenciais de 08 de agosto, sufrágio que o Supremo Tribunal considerou nulo.

O NASA considerou que a Comissão Eleitoral não podia garantir que não se repetissem, no sufrágio de outubro, as irregularidades que provocaram a anulação das eleições em agosto.

Em resultado do boicote, a participação, que se tinha fixado em 79,5% em agosto, caiu para 38,9% em outubro.

Segundo NASA, a abstenção foi de 83%.

Kenyatta, que se apresentou para um novo período de cinco anos de governação, alcançou a vitória, recolhendo mais de 98% dos votos.

No discurso de hoje perante os seus seguidores, Odinga aludiu ao Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, que se demitiu após 37 anos no poder, após ação militar e protestos populares.

Odinga recordou que Emmerson Mnangagwa, que tinha sido destituído como vice-presidente do Zimbabué semanas antes, foi designado Presidente provisório.

"Sabem que Raila Odinga não é um cobarde. Na semana passada, Emmerson Mnangagwa foi investido. Faremos como ele: tomou posse do cargo e foi para o palácio presidencial", disse o líder da oposição queniana.

A NASA utilizará a assembleia popular, um mecanismo que anunciou há semanas para exercer um poder alternativo no país, para investir Odinga como presidente do Quénia.

Pouco tempo depois do discurso de Raila Odinga perante os seus seguidores, Musalia Mudavadi, outros dirigente da coligação, usou na palavra, numa altura em que a polícia apareceu e começou a lançar gás lacrimogéneo.

Segundo o canal de televisão Citizen TV, todos foram obrigados a fugir.

Por essa altura, Kenyatta era empossado Presidente do Quénia, prometendo que governará para todos os quenianos e que trabalhará com todos os líderes partidários para garantir a unidade de todos os cidadãos.