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Istambul: Um massacre, um suspeito a monte, um país "farto de sangue"

País foi palco de mais de duas dezenas de ataques terroristas no espaço de um ano.

Istambul: Um massacre, um suspeito a monte, um país "farto de sangue"
Notícias ao Minuto

08:45 - 02/01/17 por Pedro Filipe Pina

Mundo Turquia

A chegada de 2017 na Turquia fica marcada pela violência que assolou uma das discotecas da moda em Istambul, a Reina, onde 39 pessoas morreram e perto de 70 ficaram feridas na noite da passagem de ano. 

Já esta manhã, o Estado Islâmico viria a reivindicar a autoria do ataque, que é o mais recente de uma vaga de diferentes origens que tem devastado o país. As palavras de Mehmet Kocarslan, dono da discoteca, numa entrevista a um meio local horas após o atentado resumem um pouco o espírito do momento: “estou farto de sangue”.

Kocarslan, como dá conta o Telegraph, teria já aumentado a segurança do seu espaço, com receio da vaga de ataques. Mas não foi o suficiente: entre as primeiras vítimas do terrorista ainda a monte estavam precisamente seguranças privados.

Os primeiros relatos falavam da possibilidade de um segundo atirador. Mas as imagens CCTV até agora conhecidas mostram apenas um homem, vestido com um casaco escuro, armado com uma metralhadora que terá deixado no local.

Durante cerca de sete minutos, disparou de forma indiscriminada, com as autoridades turcas a suspeitarem de que se terá depois escondido entre as vítimas (muitas delas estrangeiras), à espera de uma oportunidade para fugir. Para trás, fica mais um rasto de sangue num país fustigado.

A Turquia viu o embaixador russo ser assassinado enquanto discursava numa galeria de arte, viu um atentado suicida na província de Kayseri matar mais de uma dezena de militares, viu mais de 40 pessoas mortas após uma dupla explosão junto a um estádio de futebol igualmente em Istambul. E tudo isto apenas no mês de dezembro.

Antes, como compila o Haaretz, houve explosões junto a esquadras, ataques a alvos militares, para além de um brutal ataque ao aeroporto de Istambul, a 28 de junho, com três atacantes suicidas a matarem 44 pessoas e ferindo mais de 150.

A que se junta ainda a tentativa falhada de golpe de Estado, a 15 de julho, numa noite violenta (autoridades falam em cerca de 270 mortos), que abriu caminho a uma autêntica purga do regime de Erdogan, com milhares de demissões e detenções nas mais diversas esferas do Estado, bem como um controlo cada vez mais apertado aos meios de comunicação social turcos.

Além da perseguição a curdos, grupo étnico de onde têm surgido alguns dos atentados, em particular a esquadras de polícia e colunas militares, a Turquia convive com as preocupações de Erodgan com os ‘gulenistas’ (foi precisamente Fethullah Gülen, opositor que vive há anos exilado na Pensilvânia, EUA, que a Turquia culpou pelo golpe de Estado falhado) e juntou-se ainda ao conflito que decorre na Síria.

As autoridades estão ainda a analisar a origem do atentado. O autoproclamado Estado Islâmico é precisamente uma das suspeitas, nem que seja como ‘inspiração’. O Estado Islâmico já mostrou capacidade para ataques de larga escala, como se viu no massacre do Bataclan, em Paris, mas também pelos apelos contínuos para que seguidores do grupo levem a cabo ataques por iniciativa pessoal. Até ao momento, como destaca a BBC, as autoridades acreditam que o atirador agiu sozinho. 

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