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John Kerry discute transparência com Presidente moçambicano

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, discutiu na quarta-feira em Washington com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, o "grande desafio" que se coloca à economia de Moçambique, bem como a necessidade de transparência e prestação de contas.

John Kerry discute transparência com Presidente moçambicano
Notícias ao Minuto

06:45 - 15/09/16 por Lusa

Mundo Estados Unidos

Na agenda das conversações, estava previsto "o grande desafio que Moçambique enfrenta em termos de sua economia, a necessidade de transparência e prestação de contas e evolução nos seus desafios fiscais e orçamentais", afirmou Kerry, citado na página eletrónica do Departamento de Estado norte-americano, na receção a Filipe Nyusi, no primeiro dia da visita do Presidente moçambicano aos Estados Unidos.

Moçambique enfrenta uma crise económica traduzida pela descida do valor das matérias-primas de exportação, forte desvalorização do metical, subida da inflação, desastres naturais e conflito militar no centro do país.

A descoberta em abril de avultadas dívidas garantidas pelo Estado, entre 2013 e 2014, à revelia das contas públicas e dos parceiros internacionais, levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a interromper um crédito a Moçambique e os doadores do Orçamento do Estado a suspender os seus pagamentos, uma medida acompanhada pelos Estados Unidos, que também cessaram vários financiamentos bilaterais.

Além da crise económica e do serviço de dívida moçambicano, o secretário de Estado referiu-se às confrontações militares que afetam as regiões centro e norte de Moçambique há mais de um ano.

Kerry afirmou que é preciso "reduzir alguns dos níveis de violência que tiveram lugar na relação com a oposição", numa referência à crise política e militar entre Governo e Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

Citado na página do Departamento de Estado, Filipe Nyusi enalteceu as "boas e estratégicas" relações bilaterais entre os Estados Unidos e Moçambique, fazendo também uma referência ao compromisso pela transparência.

"Este país [Estados Unidos] tem imensa experiência em termos de democracia, transparência e boas práticas e estaremos compartilhando e aprendendo uns com os outros", declarou.

Nas suas declarações, Kerry referiu-se ainda ao esforço do Governo moçambicano na preservação da biodiversidade, recordou que a sua mulher, Teresa Heinz, nasceu em Moçambique, ainda no período colonial português, e que tenciona visitar Maputo antes do final do seu mandato.

Além da crise económica, Moçambique tem sido palco de relatos de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes e ainda ataques e emboscadas atribuídas pelas autoridades à oposição em estradas e localidades no centro e norte do país.

A Renamo exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) de ter cometido fraude no escrutínio.

Filipe Nyusi iniciou hoje uma deslocação a Washington e ao Texas, onde vai manter encontros com autoridades políticas norte-americanas, com dirigentes FMI e do Banco Mundial (BM), Fundo Monetário Internacional (FMI), empresários e comunidade moçambicana residente nos EUA.

Os encontros de Nyusi com as instituições de Bretton Woods são tidos como de grande relevância para o restabelecimento da credibilidade do país e normalização da ajuda externa, quando quer o FMI como alguns dos principais doadores exigem uma auditoria forense internacional e independente ao caso das dívidas escondidas.

Os Estados Unidos são um dos principais doadores de Moçambique, com verbas de cooperação acima dos 300 milhões de euros anuais.

A norte-americana Anadarko lidera um dos dois blocos de gás natural na bacia de Rovuma, norte de Moçambique, mas, à semelhança da ENI, líder do outro consórcio, ainda não tomou a sua decisão final de um investimento que se espera tornar o país africano num dos maiores produtores do mundo.

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