"Laicidade e islão são compatíveis em conformidade com a lei"
O Presidente francês, François Hollande, considerou hoje que as estritas leis que separam a igreja do Estado não impedem a importante minoria muçulmana do país de praticar a sua religião e recusou "qualquer legislação de circunstância".
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Mundo Hollane
Paris, 08 set - O Presidente francês, François Hollande, considerou hoje que as estritas leis que separam a igreja do Estado não impedem a importante minoria muçulmana do país de praticar a sua religião e recusou "qualquer legislação de circunstância".
"Nada na ideia de laicidade se opõe à prática do islão em França, desde que seja efetuada em conformidade com a lei" em vigor, declarou o chefe de Estado, no decurso de um colóquio sobre democracia face ao terrorismo.
"Não existirá legislação de circunstância, em simultâneo inaplicável e anticonstitucional", acrescentou, numa referência aos apelos de parte da oposição de direita a uma lei sobre o uso do burquíni.
A decisão de diversos municípios de direita em proibir nas praias francesas durante o verão este fato de banho integral islâmico suscitou polémica no país.
Num contexto político em que os temas da identidade e imigração estão no centro dos debates em França antes das presidenciais de 2017, o chefe de Estado assumiu-se como defensor do Estado de direito face ao terrorismo, num discurso com acentos de início de campanha.
O único caminho "que vale, o único que é eficaz, é o do Estado de direito", assinalou, sem poupar as posições defendidas pela direita. Assim, criticou "aqueles que recorrem a todos os esquemas para se distinguirem no interior do seu campo".
"Poderá o islão adaptar-se à laicidade, com antes sucedeu com o catolicismo, as religiões reformadas, o judaísmo", interrogou o chefe de Estado. "A minha resposta é sim, claramente sim".
"A questão também se coloca à República: está verdadeiramente preparada para acolher no seu interior uma religião que há um século não se previa que teria esta amplitude", questionou. "E aqui também respondo sim, claramente sim".
A França foi alvo em 2015 e 2016 de diversos atentados 'jihadistas' que motivaram fortes tensões sociais sobre o lugar do islão e dos muçulmanos, mas o chefe de Estado recordou que os muçulmanos foram as primeiras vítimas do terrorismo islâmico.
"Antes de nos atingirem, eles [os 'jihadistas'] viraram-se para a sua própria religião. Por todo o lado os muçulmanos foram vítimas destes islamitas. O mesmo sucedeu em França, onde na contagem das vítimas vemos que os muçulmanos também pagam o seu tributo ao terror", sublinhou.
PCR // VM
Noticias Ao Minuto/Lusa
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