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São Tomé: Património ao abandono vai ter fundo de recuperação

Joana tem 12 anos e não sabe quem é o dono da casa, na capital de São Tomé e Príncipe, onde nasceu, uma casa com sinais de degradação evidente, como tantas casas coloniais que terão agora apoios à reconstrução.

São Tomé: Património ao abandono vai ter fundo de recuperação
Notícias ao Minuto

10:02 - 13/08/16 por Lusa

Mundo Colónias

de um branco qualquer, de Portugal", diz, na soleira de uma porta partida, presa com cartões. São Tomé será das capitais de língua portuguesa que mais mantiveram a traça colonial original, mas os sinais de degradação são cada vez mais evidentes, uma situação que está a levar o governo são-tomense a investir num fundo imobiliário.

"Uma das pistas de reflexão é a criação de um fundo imobiliário público-privado que irá permitir arranjarmos investimentos para a recuperação do património e recuperação de algumas zonas de São Tomé e Príncipe", afirmou à Lusa o primeiro-ministro, Patrice Trovoada.

"Estamos na fase de estudo" mas "pensamos que tendo um fundo privado", com "políticas de concessão ou outras políticas que permitam aos privados, nomeadamente estrangeiros, adquirir algumas roças", será possível "preservar o património" e "abrir outra janela de oportunidades e de emprego ligado ao turismo ou à produção agrícola", explicou o chefe de governo.

Em São Tomé e Príncipe, já existem "pequenas experiências de pessoas que conseguiram adquirir algumas roças (propriedades agrícolas com casas senhoriais)" e outras que "estão a recuperar algumas casas coloniais", afirma o governante.

No entanto, o advogado Filinto Costa Alegre diz que pouco está a ser feito: a gestão do património colonial "mostra o desprezo da classe política pelo país", mais preocupada em ganhar eleições do que em recuperar o que existe.

Exemplo disso é a marginal da capital, que "está como os portugueses a deixaram, com anos de abandono e de falta de cuidado dos políticos".

E aponta para os buracos e os muros partidos, lamentando: "Parece que houve uma guerra. Estão com 40 anos de idade, sem qualquer tipo de cuidados".

O ministro das Infraestruturas, Carlos Vila Nova, concorda e defende que a aposta no turismo vai obrigar à recuperação do património, desde casas senhoriais até roças e vias históricas.

"Temos de fazer um trabalho nesta matéria que não permita perder o lado natural e histórico das coisas", reconhece o ministro, adiantando que o estado do património arquitetónico "prejudica bastante" no momento de promover o país enquanto destino turístico.

O património "é de grande valor" e "um dos motivos de atração turística do país", mas o "estado de degradação é de tal forma acentuado que é impossível, nalguns casos, procedermos a obras", reconhece o ministro, salientando ainda que a intervenção do Estado em propriedades privadas nem sempre é pacífica.

"É preciso que as coisas se façam de forma legal e correta" e "algum desse património nem sequer pertence ao Estado", pelo que "qualquer intervenção exigiria procedimentos legais que estão a ser agora desenhados".

No entanto, o ministro mostra-se otimista sobre a criação de um fundo imobiliário, com medidas legais que permitam intervir no espaço privado, já que a recuperação do património colonial é "uma matéria em que se encontra apoios em matéria de cooperação".

Entretanto, até que haja dinheiro para recuperar casas, Joana tem de ir tomar banho à fonte e usar a rua como casa de banho. "Não temos eletricidade e os canos estão muito entupidos", explica.

E Fernando, um dos muitos 'motards' que funcionam como moto-táxis, espera que as promessas de requalificação das estradas demore ainda mais alguns anos.

"Agora, temos muita gente que quer boleia porque só há buracos nas estradas e nós levamos as pessoas mesmo até às [suas] casas, mesmo à porta", diz.

Fernando não tem grandes esperanças na reparação das estradas. "Não acredito. Nunca arranjaram os buracos e agora vão fazer estradas novas?" - questiona.

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