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Saída do PMDB pode provocar "efeito colateral" e "favorecer executivo"

O senador Jorge Viana, do Partido dos Trabalhadores (PT), disse hoje que a saída do PMDB da coligação governamental pode produzir um efeito colateral, podendo favorecer inclusivamente a Presidente Dilma Rousseff.

Saída do PMDB pode provocar "efeito colateral" e "favorecer executivo"
Notícias ao Minuto

15:04 - 30/03/16 por Lusa

Mundo Senador

"O PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) está, no fundo, a agravar a situação da base de apoio. Isso é verdade, não podemos deixar de reconhecer isso, mas também dá ao Governo uma oportunidade de se colocar melhor diante da sociedade", declarou aos jornalistas, em Lisboa, o vice-presidente do Senado.

"O movimento do PMDB pode ter um efeito colateral, contra o (Michel) Temer e a favor da Presidente Dilma, porque tem uma parcela grande da sociedade que discorda do Governo, discorda do PT, que não faz coro inclusive com os erros que o PT cometeu nos últimos tempos, mas que não abre mão de defender a democracia", sublinhou.

O PMDB, principal aliado do PT da Presidente Dilma Rousseff, decidiu na quarta-feira, numa curta reunião em Brasília, abandonar a base de apoio parlamentar do Governo.

A possibilidade de Michel Temer (presidente do PMDB) assumir a Presidência, caso Dilma Rousseff seja destituída do cargo, torna-se mais provável depois desta decisão do maior partido brasileiro.

Para Jorge Viana, poderá haver "uma reação mais forte ainda da sociedade brasileira, de juristas, de intelectuais, de artistas, dos movimentos sociais", considerando que "na última manifestação, a maioria não era de petistas, de governistas, ao contrário, eram cidadãos brasileiros tentando preservar a Constituição, a democracia do nosso país".

"Acho que podemos ter algo parecido, porque pergunta-se se o PMDB, do Eduardo Cunha (presidente da Câmara dos Deputados, do PMDB), tem condição de dar o suporte necessário para um Governo, nessas circunstâncias, de um Michel Temer, se a sociedade respalda, se a credibilidade é resgatada na hora em que os partidos políticos e os políticos estão no centro da Lava Jato (investigação de corrupção que envolve a Petrobras)", acrescentou.

Para o senador do PT, força política de Dilma Rousseff, o país está a atravessar atualmente "um momento muito delicado", salientando que "Eduardo Cunha coordenou um movimento muito perigoso" para o seu próprio partido.

Jorge Viana deixou claro que Eduardo Cunha é "o grande artífice" dentro do PMDB e na Câmara dos Deputados do processo de destituição de Dilma Roussef, mas sublinhou que, apesar dos maus exemplos, ainda existem "grandes peemedebistas".

A saída do PMDB da coligação no poder, segundo Viana, seria mais uma parte do plano de setores organizados - políticos, judiciário, imprensa e alguma elite empresarial -- para destituir a Presidente, num "programa" liderado por Cunha.

O senador disse que veio a Portugal para participar no IV Seminário Luso-Brasileiro de Direito, que se realiza até quinta-feira, em Lisboa, mas agora quer denunciar esse "conluio" para a destituição da Presidente Dilma Rousseff.

"Estão a rasgar a Constituição quando se está a propor fazer um 'impeachment' [destituição] sem a caracterização do crime de responsabilidade. A irresponsabilidade da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) é tão grande como foi às vésperas do golpe de 1964", sublinhou Jorge Viana, referindo-se ao início da ditadura militar, regime que vigorou até 1985.

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu na sexta-feira à noite aderir ao pedido de destituição da Presidente brasileira, Dilma Rousseff.

"O que está a ser apreciado hoje (no processo de destituição) é uma vergonha, fala de 'pedaladas' (fiscais - atrasos na transferência de dinheiro devido pelo governo a bancos e autarquias para melhorar as contas do país) que ocorreram no mandato anterior (de Dilma) e que acontecem no Brasil há mais de vinte anos, que foi sanada por esse governo", indicou.

"Não há como vincular (o pedido) com a delação de Delcídio (do Amaral), que é algo recente, que ainda não compõem formalmente este processo de 'impeachment'", disse.

Na delação à justiça brasileira, Delcídio do Amaral, senador eleito nas listas do PT, partido de que se afastou, afirmou que Dilma Rousseff tinha conhecimento de todas as informações da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que teve valores desviados por funcionários e gerou grande prejuízo à Petrobras, entre outras acusações a outros membros do PT.

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